Fui comprar cortinas para o quartinho - que talvez se torne "quarto de hóspedes" e estava babando num tecido florido todo delicado. Já havia decidido que ia ficar com aquele quando entra uma turca enxerida e mete a mão no mesmo tecido, colocando o corpo dela na minha frente!
Praticamente se pondo entre eu e o tecido, a velha vira pra mim e pergunta"você vai comprar esse ?". "Sim." respondi educadamente."Ah .... mas você tem que perguntar se precisar passar !" - disse em tom de autoridade e os olhos arregalados por trás dos óculos pesados.
Eu tinha que dizer alguma coisa ...
Olhei bem na cara dela, me inclinando levemente respondi:
- Eu não perco meu tempo passando cortinas, minha senhora. Tenho coisas muito mais importantes pra fazer da minha vida...
A velha me olhou de boca aberta e se mandou, sem falar com nenhum vendedor. Foi como se tivesse me visto da rua e decidido entrar só pra se meter no meu negócio.
Se era portadora de problemas mentais eu não sei, mas a cena lhe pareceu familiar? Quem mora na Turquia sabe de duas coisas (dentre outras muitas):
1- eles são abelhudos num grau inacreditável pra ser verdade.
2 - As mulheres tem uma síndrome de Amélia tão, mas tão exarcebada que não basta ser Amélia, elas têm que mostrar que são mesmo e extravasar todo o sofrimento da condição que elas mesmas se impõem.
O prêmio? Diversas LER (lesão por esforço repetitivo), é isso que se ganha.
Não, a minha casa não é um chiqueiro. Eu limpo a casa, não tenho empregada e mesmo quando cai de cama a casa estava limpa - o marido assumia a função, lógico.
A filosofia aqui em casa é assim: a vida é muito curta pra ficar lambendo a casa. Limpeza sim, mas sandice não. E eu quero que os costumes locais se explodam, porque enquanto fiquei internada quem me limpava era meu marido, e mais ninguém, absolutamente. A concunhada, no começo veio muitas vezes querer meter o nariz, mas depois de muita briga e verdade falada na cara ela só faz isso se quiser ouvir o que não quer ...