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sábado, 23 de agosto de 2014

Afinal, turco é tudo abelhudo mesmo?

Eu sei que muita gente assim que leu o título desse post disse "sim" em pensamento.

Gostaria de relatar algumas situações de pura abelhudice, e outras de gente sensata que sabe o que "privacidade" e "discrição" significam e de fato aplicam isso em suas respectivas vidas.

Ou seja, não podemos generalizar. Mas, a impressão que se tem é que o padrão de comportamento da maioria é este sim, de fazer perguntas de ordem muito pessoal mesmo sem haver intimidade para isso!

1a Situação: em Kemeraltı comprando tecido para uma cortina.

Entro na loja que estava cheia e fico olhando para um tecido que me chamou muito a atenção, todo rendado. Toco, acaricio e pego outro e fico em dúvida. Olho para o vendedor, que faz um sinal de que já ia me atender assim que terminasse com a cliente com quem falava, então me viro para olhar a rua e vejo uma senhora que ia andando, e olha para mim e entra direto na loja, vindo na direção do tecido que eu estava segurando.
- Nossa, mas que lindo! - disse, também pegando no tecido que eu estava tocando.
- É ... muito lindo mesmo, tanto que escolhi ele para fazer minha cortina.
- Mas escuta ... - em tom de autoridade, como se fosse minha mãe - você perguntou se precisa passar? Não porque precisa perguntar e blá blá blá ...

O tom que ela falou, como quem ensina uma menina a lidar com as coisas não me agradou nada e eu respondi:

- Minha senhora e eu lá quero saber de passar? Eu tenho coisas muito mais importantes do que ficar passando cortinas ...
Ela me olhou, com cara de ué e se mandou pela mesma porta que entrou.

Meu, fiz uma prece mentalmente, aquilo só podia ser o cão querendo tirar meu sossego ...




2a Situação: de férias em Fethiye, com marido e casal de amigos Noelia e Umit

Enquanto nossos maridos fumavam lá fora após o almoço, eu e minha amiga Noelia ficamos batendo papo. O lugar estava cheio de gringos - britânicos, em sua imensa maioria - e notei que um garçom passava de mesa em mesa, fazendo o social, puxando papo com um e outro. Até que veio à nossa mesa.
Ficou olhando, acho que pensando em qual idioma iria nos abordar. Talvez na dúvida se éramos turcas ou não.
Daí acho que eu ou a Noelia começamos a falar - em turco - e ele perguntou coisas básicas-clichê sobre nossos países, etc. Se despediu e foi embora.
Deu uns segundos ele volta, e eu já meio irritada por ele interromper nossa conversa, perguntei educadamente o que ele queria.
- Êêê ... e as crianças, cadê? - perguntou num tom de quem cobra algo.
Olhei pra cara da Noelia, espantada com a ousadia do desconhecido, e ela respondeu:
- Nós não temos filhos ...
- E por que ???
Daí minha educação acabou. Falei que não era da conta dele e que era muito feio ele perguntar aquilo. Ele escondeu o rosto com a mão, sorrindo sem graça e se mandou. 
Ah, eu depois mandei email registrando minha reclamação. Por que ele se achou no direito de invadir esfera tão particular? Por que éramos sulamericanas? Por que nossos maridos não estavam lá naquele momento?
Pra pqp...


3a situação: vocês são casadas?

Essa foi a melhor! Ainda em Fethiye com o casal de amigos nossos, eis que entro numa loja de suvenirs para comprar um bumerangue escondido do meu marido - que estava lá fora de novo fumando com o marido da Noelia. Como era aniversário do nosso casamento (do meu e do meu marido!) pedi para gravarem a data e os nomes atrás do bumerangue.

Ele gosta de coisas que remetem à Austrália.

E eu falei que era pro aniversário de casamento, com a Noelia ao meu lado, e o rapaz pergunta:

- As senhoras são casadas?

Eu fiquei puta e comecei a esbravejar, a Noelia - amiga argentina como ela só - caiu na gargalhada e ficou tirando onda da minha cara. Até falou "pensa bem, aqui o povo tem a mente mais aberta, porque recebe um monte de turistas estrangeiros e tals, se fosse em outro lugar da Turquia ele nunca faria uma pergunta dessas..."

E ainda me manda a foto que tirou da gente com o título "HUSBAND&WIFE"... tranquera mesmo kkk

Noelia e eu - não, nós não somos casadas ...rs

Agora abordando um pouco o pessoal que discorda desse jeito indiscreto do povo turco em geral: conversei com amigas turcas que acham sim "o fim do mundo fazer certas perguntas de cunho pessoal" e aconselhava a "não ligar, a fingir que não ouviu, a não pôr na cabeça mesmo...desencanar" porque o povo não tem limites mesmo e ensiná-los a ter bons modos é abrir brechas pra discussão certa: drama turco do tipo "ah mas eu só estou perguntando, nada demais!" e você ainda sai de "sensível demais" da história.

Perguntam salário, perguntam se o marido ganha bem ... perguntam muitas coisas mas nada de cunho sexual (ao menos não ouvi nada ligado a isso e nunca ouvi ninguém se queixando desse tipo de pergunta).

"- Tenho 50 anos, nunca me casei, nunca tive filhos. Fui noiva, não deu certo ... fazer o que? As pessoas passaram um bom tempo perguntando sobre ele, e eu toquei minha vida. Viajei muito, hoje me dedico a Associação e preencho o meu tempo saindo com os grupos. Não dou ouvido pra essas perguntas tolas." disse com o sorriso largo que lhe é típico Reyhan.

Meu sogro também é da mesma opinião sobre discrição. Certas perguntas não devem ser feitas, mesmo quando se tem intimidade com a pessoa. Ela se quiser abrir coisas particulares o fará, de livre e espontânea vontade.

Há defensores da curiosidade turca. Há os que têm consciência que sim, eles perguntam demais. Justificativa: uma questão de segurança.

Lembro um dia passando pela cidade natal do meu marido, ele resolve me levar para ver a casa onde nascera - a mãe dele entrou em trabalho de parto sozinha, no apartamento onde moravam.
Paramos em frente ao imóvel, descemos do carro. Enquanto ele me contava coisas de sua infância alguém saiu de uma casa vizinha umas 4 casas depois daquela que ele me mostrava.

- Pois não, posso saber o que vocês estão procurando aqui?

Uma perguntam como essas soaria insolente em SP, com respostas do tipo "Por que? O senhor é dono da rua?" ou "o senhor é segurança da rua?". Meu marido respondeu tranquilamente e o homem ainda olhava desconfiado, mas depois se retirou.

Meu marido me fala que há sim uma necessidade de saber quem mora ao lado. Em detalhes, para não haver contradição no que é narrado ... 
Em tempos de terrorismo, ninguém quer ter surpresas na casa ao lado.

Se te perguntam muito, o revide deve ser na mesma moeda: pergunte você também. Se a pessoa se incomodar, vai parar de te perguntar. A tendência é (ou deveria ser) essa ...






quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A crise de produção de avelãs na Turquia e eu com isso

Tenho muito com isso: e a Nutella, será que ficaremos sem Nutella meu Deus do céu!

http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,mudanca-climatica-derruba-colheita-de-avelas-e-ameaca-producao-de-nutella,1546821




domingo, 17 de agosto de 2014

A expatriação e a solidão que vem em sua garupa

Olá,

De volta à minha terra natal, sinto-me mais à vontade para abordar assuntos pelos quais passei, e que fazem parte da vida de muitos expatriados: a solidão.

Se você se mudou para um país com uma colônia expressiva de brasileiros, e se esse grupo que você encontrou tem tudo a ver com você, ótimo. Mas nem todos tem essa sorte, infelizmente.

Ah, essa solidão!

Resolvi abordar o tema - apesar de totalmente fora do contexto da minha realidade atual - porque uma pessoa que nunca tive a oportunidade de conhecer, de quem apenas ouvi falar, e que também mora em Izmir, me ligou de lá via Viber para desabafar sobre isso!

Ela - expatriada, que não é brasileira - entrou para família de um amigo turco do meu marido, que acabou se tornando amigo meu também . Por várias vezes falei para ele arranjar um encontro, um programa onde eu pudesse conhecê-la - na tentativa de dar alguma orientação, tanto a ela quanto ao marido dela. Na tentativa de evitar que ela passasse por boa parte do que eu passei.

Oras, nenhum estrangeiro vem com manual de instrução ...

Acabamos não nos conhecendo pessoalmente, eu também não insisti mas soube pelo meu amigo que ela estava passando pelo mesmo calvário que eu passei: problemas na comunicação na hora de ir ao médico; o inverno e suas complicações; a comida ... Tudo isso com um agravante: ela e o marido não tinham uma língua em comum ... (essa situação eu vi diversas vezes por lá também).

Enfim, eu sei que ela me ligou, conversamos ... ela chorou, relatou que o marido não deixava ela sair de casa, porque onde eles moravam tinham muitos curdos (vocês sabem turcos não se bicam com curdos, existe sim a discriminação generalizada, vez por outra você até vê casos de amizade entre um turco e um curdo, mas isso não é regra) então ele não queria vê-la se misturando "com aquela gente". Ela também conheceu algumas amigas compatriotas, mas como essas já estavam há anos lá, falavam turco, tinham a vida resolvida acabaram não dando muita bola pra ela.

E nas reuniões familiares, ela ficava de canto sem conversar com ninguém. 

Quando me disse essa última frase, começou a chorar. E eu chorei junto!

Lembro de uma festa de casamento em que meu marido me colocou pra sentar junto com as mulheres da família dele, e eu, me sentindo de canto, me levantei e fui me sentar do lado dele, reclamando porque ele tinha me feito aquilo.

- Não sou sua babá, você tem que aprender turco!

Era meu 3o mês lá, eu não tinha feito curso nenhum ... como ia aprender daquele jeito?

Me deu ataque de pânico, gritei falando que queria voltar pro Brasil e saí pra rua ... como se o Brasil ficasse na esquina.

Ele correu atrás de mim, perdemos o casamento (as cerimônias são muito rápidas...) e sentamos num Café onde ele decidiu me colocar num curso de turco.

MESMO após atingir certa fluência no idioma, passei por situações em que tentavam me colocar de canto. Foram muitas brigas com meu marido por conta disso, até que eu cheguei a uma conclusão:
- A culpa não é do meu marido. A culpa é de quem faz isso !

E passei a direcionar minha bronca pra pessoa mesmo, cutucando e argumentando "ô querido, vai me virar as costas mesmo? Eu já falo teu idioma, me matei de estudar pra aprender turco, qual é a desculpa agora?"

Teve uma outra, antiga vizinha de prédio da minha sogra, que ao me ver com meu marido no elevador, deduziu que eu fosse a estrangeira de quem ouvira falar. E fez gestos e falou estranho comigo, tipo, como se estivesse falando com o Tarzan - isso depois de 2,5 anos de İzmir !. Eu, que há muito perdera a paciência com esse tipo de situação perguntei em turco pro meu marido:

- Qual o problema dela? Ela não sabe falar ou tem problema mental?

A mulher tomou um susto! "Ah, você fala turco???" perguntou espantada. 

A porta do elevador se abriu, e eu nem falei nada, saí deixando ela ser ridícula sozinha...

Feio? Feio foi o que me fizeram passar por quase 3 anos...Constrangi algumas pessoas de propósito mesmo, e na frente do meu marido para ele ver que não era coisa da minha cabeça.

Mas eu encontrei muita gente legal que me conhecia por nome, que puxava uma cadeira e me servia um copo de chá - e muitos deles nem conheciam meu marido, eram contatos que EU fizera.

Houve a época em que fui cobrada por não ter amigos ... e soube de muita gente que passou pelo mesmo que eu aí com os respectivos maridos turcos. Soube de gente que, em seu isolamento, conversava com os vegetais enquanto preparava a comida ... 

Com o tempo, esforço e ajuda - do seu partner ou de alguém que te integre aos locais -  você cria laços, se integra a sociedade e toma seu rumo. O isolamento é um monstro que precisa ser combatido, porque seus efeitos colaterais são muitos, dentre os quais eu destaco o risco de pularmos de cabeça numa amizade que não tem nada a ver com a gente com compatriotas, e depois trazer confusão pra dentro de casa - como eu vi acontecendo comigo e com muita gente.

Hoje, aqui no Brasil, ele vê quem eu sou, e como o povo brasileiro acolhe o estrangeiro. Hoje, ele entende boa parte da ladainha em muitas de nossas brigas por conta do assunto abordado neste post.

Hoje ele sabe o que significa "hospitalidade" no dicionário de português brasileiro :-)

Embaixada Turca no Brasil - Embaixada Brasileira na Turquia




Quais documentos eu preciso para me casar com um turco aqui no Brasil?

Quais documentos eu preciso para me casar na Turquia?

Quanto tempo eu posso ficar na Turquia como turista? Posso prolongar essa estadia?

Eu preciso de visto para visitar a Turquia? 

Se eu casar com um turco posso trabalhar legalmente na Turquia?

Como faço para morar na Turquia?


Devido às mudanças frequentes nas leis imigratórias aconselhamos a todos os que têm dúvidas sobre os assuntos acima citados a entrarem em contato diretamente com os órgãos consulares ( contatos abaixo) que possuem a informação atualizada, evitando assim correr riscos desnecessários ao obter informações obsoletas de terceiros ou de sites não oficiais encontrados no Google.

Não corra esse risco. Entre em contato agora mesmo com o órgão consular!

Dúvidas sobre visto, permanência, vacinas necessárias para visitar o país e outros assuntos consulares devem ser tratadas em um dos órgãos abaixo:


Embaixada da República da Turquia no Brasil
http://brasilia.emb.mfa.gov.tr/


Consulado da Turquia em São Paulo
http://www.embaixadas.net/Consulado/25267/Turquia-em-Sao-Paulo


Ministério das Relações Exteriores
https://www.gov.br/mre/pt-br


Embaixada da República do Brasil na Turquia
http://ancara.itamaraty.gov.br/pt-br/



No Facebook

Consulado Geral do Brasil em Istambul

Consulado Geral da Turquia em São Paulo
https://www.facebook.com/saopaulo.baskonsoloslugu


Embaixadas de outros países no mundo
http://embaixadas.net/


Atualizado em 22/06/2021

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Arte em Ebru - nas telas, e nas unhas

Pintura na água, arte islâmica incrível chamada de Ebru, é garantia certa de entretenimento. Coloque uma música relaxante de fundo e mãos à obra!








E agora essa arte está sendo aplicada nas unhas também!






Se você mora na Turquia e ficou interessada, procure um curso de Ebru em sua cidade.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Eduardo Campos descanse em paz

Fui até Istambul só pra transferir meu título de eleitor para poder votar em você. Depois, por me mudar para o Brasil de última hora fui atrás do voto em trânsito.

Senti muito, e ainda estou sentindo ... que tragédia !

Meus sentimentos a familiares, amigos e a todos os brasileiros que acreditavam na renovação que Eduardo Campos poderia trazer se fosse eleito.


A notícia também saiu em jornais turcos:

http://www.sondakika.com/haber/haber-brezilya-da-devlet-baskani-adayini-tasiyan-ucak-6376373/

http://www.zaman.com.tr/dunya_brezilyada-baskan-adayini-tasiyan-ucak-dustu_2237414.html



Outros jornais:

http://www.reuters.com/article/2014/08/13/us-brazil-crash-idUSKBN0GD1GY20140813

http://www.zerohedge.com/news/2014-08-13/ibovespa-plunges-brazil-presidential-candidates-jet-crashes




segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Erdogan vence primeira eleição presidencial da Turquia

Primeiro-ministro desde 2003, Erdoğan vence nas primeiras eleições presidenciais na Turquia, com 52% dos votos.





Para ler mais sobre o assunto clique aqui goo.gl/DRkJtb


terça-feira, 29 de julho de 2014

Notícias da Turquia: mulher não pode rir em público ... ãh ???

Eu saí da Turquia, mas a Turquia não sai de mim!

Seguindo acompanhando as notícias de lá, não pude deixar de publicar essa aqui:

http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/vice-premie-turco-diz-que-mulheres-nao-devem-rir-em-publico,05927a5e78387410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Um Turco em Sampa - o blog do Mustafa

Pra quem quiser acompanhar a visão do turco sobre a terra da garoa, as descobertas, as dificuldades ... enfim o caminho inverso ... confira em http://umturcoemsampa.blogspot.com.br/

Versão em português. Em breve lançaremos a versão em turco :)

E não visita o blog pra ver ...


terça-feira, 3 de junho de 2014

RE-patriando

A vida é assim mesmo ... dá voltas e voltas. Hoje a gente tá num lugar, e amanhã...

Bem, o fato é que eu e meu marido nos mudamos para o Brasil. Decisão difícil, por "motivos de força maior".

O bom - ou ruim de tudo isso - é que essa mudança se deu na histórica época da Copa do Mundo. Protestos (válidos) a parte: na minha curta e breve existência posso até ver o cometa Harlley passar duas vezes, mas Copa do Mundo no Brasil ... uma vez só!

Depois quando organizar a casa vou postar em outro blog sobre a minha repatriação e a expatriação do meu marido. Não é fácil não ... Mas com fé em Deus, apoio da família e dos amigos a gente chega lá.

Obrigada a todos os que fizeram parte da minha caminhada enquanto estive em İzmir (a lista é grande ...). Vocês estarão eternamente em meu coração. Quem sabe um dia a gente não volta a se encontrar?

Beijos da Luci



segunda-feira, 28 de abril de 2014

A lenda dos 7 adormecidos e o que eu tenho com isso...

Acho que já postei nesse blog sobre a Lenda dos 7 adormecidos, mas vou resumir aqui para não dar a você, leitor, o trabalho de ficar procurando: a gruta onde ocorreu a história toda fica em Éfeso, e conta a lenda que esses 7 jovens cristãos, fugindo da perseguição dos romanos, se esconderam numa caverna onde foram emparedados vivos.

Deus enviou um anjo que os fez adormecer por 200 anos e, após esse longo período o Imperador da época decide reabrir aquela gruta. Naquela época os cristãos podiam professar sua fé sem problemas como antigamente.

Um dos meninos se desperta naquele momento e, pegando as moedas que tinha desce até a vila para comprar pão e fica deslumbrado e atordoado com as mudanças do local.

O rapaz que lhe vendeu pão se deu conta de que os seus relatos eram verdadeiros (o fato de serem de uma outra época) pelas moedas antigas que carregava consigo.

E eu nessa história toda?

Era uma vez uma paulistana que deixou tudo para trás para se mudar para Izmir, se casar e lá ficou em completo exílio por quase 3 anos ... usou esse tempo para aprender o idioma, o sistema e o máximo da cultura turca. O sacrifício lhe valeu a pena mas era chegada a hora de sair da gruta do exílio e visitar a sua gente ...

Sim, dessa vez as aventuras da Luci são na terra da garoa, na minha SAMPA que nunca dorme!

Tomando o tão sonhado açaí, ao lado do meu amigo Raul - que tirou a foto


E como se fosse um dos 7 adormecidos recém saído da gruta eu me debandei pelas ruas de São Paulo, atordoada com os novos condomínios que pipocaram nestes últimos três anos, com a padaria do bairro onde morei que fechou, com as mudanças da minha quebrada...

Paguei mico ao embarcar no ônibus e procurando a maquininha pra encostar o Bilhete Único junto ao motorista (oras, é assim em İzmir!) depois vi a figura do cobrador me olhando com uma cara de ué ... Estranhei o detector de metal na entrada no banco e sua ausência na entrada do shopping.

Atravessei ruas mais tranquilamente, com mais confiança de que os carros de fato param no farol vermelho. Mas andei agarrada à minha bolsa a tiracolo ...

Depois desse tempo todo fora ininterruptamente descobri o quanto nosso povo brasileiro é simpático, sempre sorrindo seja trabalhando como gerente de banco ou gari nas ruas de sampa. Mesmo com todas as dificuldades, os índices de violência só subindo e a Copa chegando em meio a tanto protesto meu povo ainda mantém a peteca lá em cima com muita ginga e fé em Deus. 

Porque Deus é brasileiro...

Fiquei feliz com o feijão com muito bacon da minha mãe, com o arroz bem temperado e muita carne de qualidade, tudo isso regado a muito guaraná.

Fiquei feliz em saber que a farmácia fica aberta de sábado também, e não preciso ficar olhando na lista de fármacias de plantão...

Constatei que a Av. Paulista continua no mesmo lugar (depois de tanto tempo, vai que...)

As pessoas não fazem caras e bocas quando as abordo pedindo informação, pois eu não sou a estrangeira falando, agora sou apenas a Luciane que fornece número de CPF pra Nota Fiscal Paulista.

Assisti um filme de comédia de qualidade contestável com a minha irmã, mas tá valendo sendo em português até filme ruim mesmo.

O sábia laranjeira canta divinamente lá fora, com o tempo fechado por causa das nuvens e da alta umidade (ah que saudades dessa sensação!). O pastel de palmito, o suco de açaí, o sorvete de maracujá ... tudo tem um sabor tão especial, um sabor de eterna despedida porque tudo isso tem data pra acabar.

Ah e sem falar no meu sobrinho lindo - a família aumentou ! Tê-lo em meu colo foi uma coisa indescritível !

Porque afinal de contas eu tenho um marido me esperando no além-mar ...

Só faltou você aqui, meu companheiro de todas as horas, parceiro, marido!




segunda-feira, 7 de abril de 2014

Post sobre escorpiões - pra quem mora na roça como eu ou vai para as praias escaldantes turcas

Olá pessoal,

Escrevo esse post diante de uma visão espetacular que a mãe natureza me proporciona nessa doce manhã de primavera: da janela da sala vejo a floresta lá fora, com o esquilo apressado carregando a noz que encontrou árvore acima. Hoje um pica-pau veio à nossa janela também, catar os besouros que morreram na noite anterior (esses besouros morrem aos montes de morte natural...).
Outros passarinhos: chapins, robins também se juntaram a festa dos bichos.

E eu deixei a câmera, filmando tudo isso até esgotar a bateria, na outra janela onde não aconteceu porra nenhuma ...

Na foto: um chapim-real. Essa eu tirei na primavera passada, mas vídeo tá osso de fazer!

Depois de passar 34 anos na selva de pedra chamada São Paulo assistir o National Geographic ao vivo da janela da sala não tem preço. Tudo seria perfeito, se os visitantes fosse inofensivos.

Esse post é sobre um visitante que, no verão passado deu as caras aos montes aqui em casa e não aconteceu nenhum acidente graças a Deus (isso posso dizer que foi Deus mesmo, porque um deles estava quase subindo no meu pé descalço perto da cama!).

Com você, o escorpião amarelo da Anatólia



Descobri do pior jeito que eles normalmente nunca aparecem sozinhos e que podem subir até no teto!

O veneno do escorpião amarelo da Anatólia é considerado "médio" no que tange á seu poder de envenenamento, porém em pessoas alérgicas, com saúde debilitada, crianças, idosos pode ser fatal sim. E em qualquer dos casos, se ele picar na jugular, você já era.

No verão passado nós chamamos o desinsetizador Ahmet (ele fala inglês também, se alguém precisar ele atende toda a Izmir) por causa não de escorpiões mas sim pelas tarântulas (!!!) penduradas na tela do lado de fora da porta.

O problema é que, escorpiões são resistentes a maioria dos venenos (em alguns sites li que são resistentes à todos eles) e a aplicação do veneno somente os ouriçou e saindo de suas tocas, invadiram nosso quarto e cozinha!

Pensa você matando escorpião como quem está matando baratas em casa ... um pesadelo.

Olhei pra cara do meu marido e ele, como quem lê meus pensamentos perguntou o que eu ia perguntar:

- Será que sobem em parede?

Abri o youtube. O vídeo mostrava um desgranhento subindo na parede branca e com música da Carmina Burana - Cantos Profanos de fundo.

Eram 2 e meia da manhã e saímos correndo pra dormir na casa da sogra, que estava vazia porque ela tinha ido pra praia.

Segunda aplicação de veneno só intensificou o problema. Outros mais sairam. Conversei diretamente com Ahmet e pedi uma solução, fosse ela qual fosse.

Ahmet perguntou se tínhamos como passar ao menos 4 dias fora, eu disse que até um mês se fosse necessário. Então ele veio com umas pastilhas que, quando abertas, soltavam um gás letal. O tal produto fora usado na 2a Guerra Mundial, e se ele não funcionasse eu não saberia o que fazer.

Depois de uma semana voltamos pra casa, deixamos as janelas e portas abertas. Tudo limpo, só encontramos os mortos. Não havia sobrado nada.

Depois disso fiz uma vistoria minuciosa em casa e tapei tudo quanto é buraco com cimento branco mesmo. Afastei móveis da parede e tomo cuidado redobrado com limpeza. 

Meu marido falou em comprar galinhas e soltar no quintal - muita gente falou que são eficientes. Eu na verdade queria um gato, mas como meu marido tem medo acho que não vai rolar.

Eu não fui a única privilegiada com esse tipo de problema: minha amiga Emília que mora perto daqui foi picada por um escorpião e o marido correu com ela pro pronto socorro. Tomou soro e não teve maiores complicações.

O primo do meu marido foi picado ao pegar o saco de batatas no restaurante dele. E ouvi diversos relatos, até de gente que, ao se sentar nas areias de Kuşadası se deparou com escorpião subindo pela canga (!!)

Exagero? Bem, se você tem crianças e não quer ter surpresas aqui fica uma dica:

- sapatos: existem lugares como Koçtaş que vendem caixas de plástico para você guardar o sapato (sabe aqueles que você mais usa e que ao invés de irem para o ármario ficam na entrada da casa? Então...),

- Na hora de pegar roupa pra lavar, ponha a mão onde a vista alcança,

- Tem gente que espalha enxofre ao redor da casa, mas no nosso caso não fez diferença nenhuma,

- Disponha os móveis em casa a evitar cantos escuros e úmidos,

- Controlar a população de baratas e outros insetos, pois eles são alimentos de escorpião,

- Caso ocorra um acidente, ponha gelo e procure o pronto socorro mais próximo. Mantenha a calma pro sangue não correr mais rápido. A maioria dos escorpiões turcos não estão na lista dos mais letais do mundo, mas tem os que são beeem venenosos sim.

Neste link (http://tr.wikipedia.org/wiki/Akrep#T.C3.BCrkiye_akrep_t.C3.BCrleri) tá em turco, mas o pai google tradutor pode ajudar. Tem a lista dos escorpiões que podem ser encontrados na Turquia, os que são letais e os que não são.

Aqui a palavra do Dr Dráuzio Varella sobre o assunto: http://drauziovarella.com.br/letras/e/picadas-de-escorpiao/


Ache o esquilo. :)

Telefones Úteis




Bombeiros 110

Polícia 155


Ambulância 112



Jandarma 156

Polícia do turismo 0212 527 45 03

Áreas florestais - bombeiros 177

Guarda-costeira 158


Energia elétrica 186


Água - informações sobre a conta 185


Gás 187


Telefone 121


Alô Doutor 113


Alô Fiscal 153 (http://www.zabita.com/)


Linha do consumidor 175


Despertador 135


Lista telefônica 118


Serviços Funerários 188


CEP (Código de endereçamento postal) 119


Envenenamento (por animal peçonhento e outros) 114




Aulas de Turco Online

Clique AQUI e saiba mais

quinta-feira, 3 de abril de 2014

"Toda pessoa é pastor de seu ego"


"Toda pessoa é pastor de seu ego
se o deixar em liberdade
ou o demônio o agarra ou as pessoas endemoniadas."

A relativa passividade turca

Uma coisa me intriga muito - e creio que não só a mim, mas a maioria dos amigos estrangeiros que tenho comentam o mesmo sobre seus turcos mais próximos. O "yapacak hiç bir şey yok" (não há nada que possa ser feito) é quase um mantra por aqui.

Não sei se são os turcos de İzmir, não sei se são apenas os que me rodeiam, mas o fato é que clamar os próprios direitos não é lá muito hábito deles. Será?

Depois que descobri o Şikayet Var (www.sikayetvar.com) não tenho dúvidas na hora de sentar o dedo no teclado e mandar bronca. Seja o mau atendimento de algum restaurante, seja o carro de empresa cujo motorista jogou lixo na rua ou dirigiu perigosamente colocando em risco a vida de outrem.

E tem muita gente lá reclamando também! Entre no site só por curiosidade e escolha a categoria de reclamação. Outro dia uma moça mandou uma bem inusitada: deu queixa do seriado "Kurtlar Vadisi" que está há 10 anos no ar e toma a atenção do marido dela todas as quintas à noite. Fora que o marido grava os episódios e assiste as reprises frequentemente. Eu apertei o botão de "destek" (algo como "dar apoio") e deixei meu comentário. O recurso "destek" não existe mais, infelizmente.

Não estou certa, mas creio que o time do "şikayet var" é bem menor que o "yapacak hiç bir şey yok".

Ontem numa conversa na casa dos meus cunhados só me fez pensar ainda mais sobre isso. Falando sobre atendimento médico, eles estavam elogiando o sistema, em sua totalidade, todos os hospitais particulares, e que está muito melhor do que 30 anos atrás.

- E minhas amigas mesmo falam: ah, o médico não gritou comigo então ele é um bom médico. - disse minha concunhada.

- COMO? "O MÉDICO NÃO GRITOU COMIGO ENTÃO ELE É UM BOM MÉDICO??????"

O conceito deles de bom se baseia nisso, porque a 30 anos atrás era tão ruim, mas tão ruim que mesmo quando o atendimento é meia-boca tá bom.

- Porque muitos ainda veem o médico como se fosse Allah. - completou.
- Eu vejo médico como um profissional e eu a cliente. E como o cliente paga, o cliente tem razão.

Dae o boca aberta do meu cunhado, o "dono da verdade absoluta do universo", começou com o discurso dele baseado em nada: ele compara a Turquia com a Europa (nunca morou na Europa) e fala para eu deixar pra lá porque eu só passo nervoso a toa perdendo tempo em reclamar.

Dessa vez eu respondi.

- De que adianta você reclamar, com você eles fazem de um jeito e com os 500 que vêm depois de você volta a ser a mesma porcaria.
- Mas e eu com os 500? Eu não estou nem aí com eles, eu quero saber de mim!

Ele não esperava essa resposta. Até parou de falar e ficou me olhando.

- Mas ninguém pode mudar isso. Uma pessoa só não muda o sistema ...
- Ué, Atatürk não mudou?
- Atatürk não fez bosta nenhuma se tivesse feito não estaríamos nessa situação. - respondeu esse absurdo só pra não ficar por baixo. Ainda bem que eu tinha duas testemunhas, incluindo a esposa dele.

Sem venerar Atatürk, mas falar que ele não fez nada beira o pecado. Ele fez, fez pra caralho mas e depois? E os que vieram depois?

Tem muita gente engajada, de todo o lado. Falar que todos os turcos não têm iniciativa é errado. Assistimos recentemente a onda de protestos em diversas capitais turcas. Essas pessoas estão longe de serem passivas.

O que posso concluir é que, os que são passivos o são em demasia!

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Esse post é pra você, que mora com sua família na Turquia. Ainda mais se você tiver filhos ...

Quando o assunto é Seguro as pessoas se esquivam porque ninguém quer pensar no pior. Hoje eu fiz uma entrevista com meu marido Mustafa, que explica sobre algumas modalidades de seguro na Turquia.


Mustafa Köşlü, agente de seguros há 18 anos no ramo, com escritório em Alsancak - İzmir,esclarece alguns pontos sobre Seguro na Turquia


Infelizmente aqui na Turquia a maioria das pessoas têm o hábito de fazer somente o seguro do carro - e somente o obrigatório!

Lógico que ninguém quer pensar no pior, mas e quando ele acontece o que fazer? Não é a toa que verificamos se o gás está fechado, se as janelas e portas estão trancadas antes de um fim de semana na praia, por exemplo. Ninguém quer dar sopa para o azar.

Direciono esse post às brasileiras que se casaram com turco e vieram morar neste belo país, no meu país minha bela Turquia. Sei que entender o sistema turco leva um tempo e muitas vezes vocês dependem da informação que seus maridos passam pra vocês.

Gostaria de apresentar as modalidades de seguro com as quais trabalho e caso haja interesse em obter mais informações não hesite em me contatar.

Plano de Saúde (particular)

Sabemos que as esposas estrangeiras acabam usando o SGK do marido para ter acesso à rede pública e particular de hospitais na Turquia. Infelizmente nosso sistema público não é o que gostaríamos, e mesmo a rede particular anda superlotada. 

Minha esposa - como muita gente sabe - tem alergia a pimenta e muitas vezes tive que correr com ela para o hospital. Graças a Deus essa situação tem acontecido com menos frequência, mas dá última vez tive que interná-la no Kent Hastanesi devido à uma violenta intoxicação alimentar, e usamos o Plano de Saúde que providenciei para ela assim que nos casamos.
Fiquem com ela no mesmo leito, fomos super bem atendidos e não precisei me preocupar com a conta porque o plano cobriu tudo.

Minha esposa é valiosa pra mim, e quero que ela seja atentida pelo melhor, caso precise. Espero que não precise mais, mas caso ocorra tenho a tranquilidade de que ela estará nas melhores mãos.

Seguro Predial

A Turquia é linda mas infelizmente fica sobre duas falhas geológicas, o que sujeita grande parte do país à tremores de várias escalas: desde pequenas e constantes até desastrosas, como o de Van que ocorreu alguns anos atrás.
Mesmo tremores de pequena intensidade podem rachar uma parede, comprometer a estrutura de uma piscina ... causar algum dano.
Ainda tendo Van como exemplo, apenas 9% das casas possuíam seguro. 9% !!!
É um número que não condiz com a realidade.

O seguro predial custa bem menos do que você imagina. Sai bem mais caro remediar.

Seguro do carro

Sei que em São Paulo ter um carro sem seguro é como dar o carro de presente pro ladrão. Aqui em İzmir em geral não temos esse tipo de problema. Mas os turcos são famosos por criarem suas próprias regras no trânsito, então colisões podem acontecer...
Além disso ninguém está livre de uma avaria aqui e ali.
Faça uma cotação sem compromisso. Garanto que vai se surpreender como custa pouco para você dirigir com sossego.

Seguro de vida

Minha esposa tinha trabalho, planos e uma vida inteira em São Paulo e largou tudo isso por mim. Esse ano ela completará 37 anos, tem muitos planos para o "recomeço" dela aqui no meu país e sei que vai levar um tempo para ela arrumar trabalho, fazer carreira, enfim dar andamento naquilo tudo que ela largou por mim.

E se algo acontecer comigo daqui uns 5-10 anos? De repente minha esposa vai se ver com 42-47 anos, voltando pro Brasil com uma mão na frente e outra atrás e tendo que começar tudo de novo do zero?

E se tivermos um filho até lá, como vai ser tudo isso?

Ninguém quer pensar no pior, mas se ele acontece a vida de quem fica pode ficar bem difícil. Fale com seu marido sobre isso. Afinal, você deixou tudo para trás por ele.

Garanta os estudos dos seus filhos caso o pior aconteça

Existe uma modalidade de seguro que garante que seus filhos vão terminar os estudos caso - Deus nos livre - aconteça algo com você ou o pai da criança. Entre em contato comigo que terei o maior prazer em lhe explicar esses detalhes todos.

Seguro contra 12 doenças graves específicas

Anos atrás meu amigo Özden teve câncer de pulmão - mesmo após ter largado o cigarro há 9 anos. Estive ao seu lado no hospital, acompanhei sua recuperação lado-a-lado como um amigo de infância deve fazer.
Após sua total recuperação veio a notícia: ele recebeu 100 mil liras do seguro que havia feito comigo bem antes de imaginar que pudesse estar carregando aquela doença.
Consulte valores comigo.

Seguro de barco

Batalhou a vida toda para ter um luxo só seu, esperando lá no cais a temporada chegar pra curtir com seus amigos? Você merece, e merece também ficar tranquilo caso aconteça alguma coisa com seu barco, jet ski ou iate.
Faça uma cotação sem compromisso.

Seguro viagem

Ninguém quer ter uma dor de barriga em casa, passar por um acidente no exterior ou coisa do tipo. Lógico que na hora de planejar uma viagem a gente só se lembra dos detalhes bons.
Uma vez minha esposa contou de uma amiga de faculdade que foi para os EUA num programa de intercâmbio e, assim que chegou na casa onde ia ficar decidiu tomar uma ducha. E não é que ela se escorregou e batendo o rosto na banheira cortou o supercílio?
Como ela tinha feito o seguro-viagem recebeu o reembolso das despesas assim que voltou para o Brasil.

Se você está na Turquia e pensa em viajar para o exterior (e não tem plano de saúde no local de destino...) fale comigo. Saí muito mais barato do que remediar.

Previdência Privada

Veja o link: http://lucinaturquia.blogspot.com.tr/2014/03/previdencia-privada-na-turquia-pra-quem.html



Mustafa Köşlü
mkoslu@hotmail.com
atendimento em turco, inglês e português (com a esposa de intérprete)
meu escritório fica em Alsancak próximo à Mesquita de Alsancak (Alsancak Camii)
ATENDO TODA A TURQUİA

Entenda o Meme do gato que causou o apagão enquanto rolava a apuração dos votos na Turquia

Essas eleições serão inesquecíveis pra muita gente ...


De acordo com declaração do Ministro de Energia, o apagão que ocorreu bem no momento da apuração dos votos das eleições que ocorreram no dia 30 foi causado pela entrada de um gato no transformador.

"Espri yapmıyorum trafoya kedi girdi. Bu ilk kez yaşanmadı. Bunu seçime bağlamak yanlış" dedi.
"Não estou brincando um gato entrou no transformador. Não é a primeira vez que isso acontece. Isso não está ligado às eleições."

Fonte: http://www.cnnturk.com/haber/turkiye/bakan-yildizdan-elektrik-kesintisi-aciklamasi-trafoya-kedi-girdi

No facebook o gato já virou MEME:

- O trocadilho "Günah Keçi değil, günah Kedi" ("Não é Bode Expiatório, é Gato Expiatório");

Pra ver mais acesse esse link http://galeri.izmirgundem.com/galeri/kedidir-kedi-salgini.html

* "Angara" no lugar de "Ankara" - quem mora em Ancara e fala com sotaque típico troca o "K" pelo "G". "Ulan" seria um correspondente do "meu" usado em São Paulo, mas não é bem visto quando falado por mulheres ou em conversas formais...

Mapa do Gato



domingo, 30 de março de 2014

Batendo papo com o oficial da Jandarma que nos parou a tanto tempo atrás

O mundo da voltas e gira, deixando a gente tonta. Às vezes eu acho que minha vida é uma novela, mas isso só é coisa da minha cabeça mesmo.

Numa noite qualquer do começo de agosto de 2011 eu e meu marido fomos parados pela Jandarma, que fazia um controle rotineiro em nossa vila. Não falava nada em turco, não tinha o passaporte comigo (no dia anterior tínhamos dado entrada na minha permissão de residência).
Eu só tinha o RG brasileiro comigo, que vale tanto quanto uma casca de banana aqui ...

O que me salvou foi o fato do sargento ser louco por futebol e me pedir os palpites do campeonato brasileiro ...

Dias depois, a imigração manda a Jandarma fazer controle lá em casa, e eu reconheci o sargento. Servi café brasileiro e chá para ele e seus homens. Naquele dia ele nem quis ver meu passaporte. "Acredito em você." foi o que eu entendi.

Hoje, lá na frente do colégio onde meu marido vota estava o mesmo sargento - cujo nome não guardo de jeito nenhum - e seus homens, fazendo a segurança e impedindo boca de urna.

Dessa vez eu é quem fui falar com ele.

- Olá oficial, o senhor se lembra de mim? Sou a brasileira que mora lá no topo da montanha...

Ele apertou minha mão, me olhando boquiaberto, num misto de surpresa e confusão.

- Mas você está falando turco!

O tempo passou ... muito tempo passou e eu trabalhei duro. Meu marido investiu em mim. E eu honrei cada centavo desse duro investimento.

O sargento me perguntou várias coisas sobre meu país, se eu não ficava entediada de passar o dia sozinha na roça onde moramos, se eu criava patos (sim, patos!!!) para passar o tempo.
- Oficial, esse não é meu estilo de vida. Eu sou como as mulheres de İstambul - que estudam e trabalham!
Ele me olhou admirado. E perguntou quantos idiomas eu falava. Depois comentou:
- Meu Deus, por que todo estrangeiro fala mais de 3-4 idiomas? Nosso povo é muito preguiçoso mesmo! - e olhou por cima do meu ombro, dizendo: - Acho que eles nunca viram uma estrangeira antes. Pararam aqui por sua causa!

Ao sargento se juntaram outros: o atual "Muhtar" do vilarejo, candidato à reeleição, e seus cabos eleitorais, e algumas crianças curdas e outras filhos de ciganos que moram na aldeia (posso dizer que moramos em uma...) que me perguntaram se eu conhecia o Neymar e o Alex de Souza.

"- Gente, nunca vou esquecer desse dia, nunca vi isso na minha vida!" - foi o que escutei de um deles.

O sargento ainda achou de inventar que meu pai era famoso no Brasil, era prefeito de São Paulo kkkk

Meu marido tava subindo a rampa da saída da escola e quando me viu rodeada por uma pequena platéia abriu um sorriso. Parou, trocou idéia com o pessoal e telefones. Depois fomos embora.

Acenaram pra gente quando nosso carro passou. Diferente da primeira vez quando fui abordada e espiada apenas como um bicho exótico hoje eu me senti mais do que gente: me senti celebridade.

Será que rola deu ser vereadora?




Um recado muito inusitado pendurado num carro numa rua qualquer de Alsancak

Um dia passeando com meu marido em Alsancak (que é um bairro chique aqui em İzmir!) me deparei com essa inusitada cena e não pude deixar de registrá-la. Um carro havia estacionado em frente a rampa da calçada - destinada a pessoas com deficiência física - e alguém dos arredores deixou um recado para o dono do carro. Meu marido corrigiu o turco do autor da mensagem, que ficou assim:

"Sizin bu duyarsızlığınıza hayran kalıyorum. O önüne park ettiğiniz rampa sizin kullanımınız için değil. Hani dingil gördüm, ama senin kadarını ender gördüm. Gerçekten incelenmesi gereken bir örneksiniz.
İnşallah sizin bu rampalara ihtiyacınız olmaz."

"Fico admirado com a sua indiferença. O lugar em frente a rampa onde o senhor estacionou não é de seu uso. Já vi muito babaca, mas babaca como você pouco vi. Realmente o senhor é um exemplo que precisa ser pesquisado. Deus queira que o senhor nunca necessite de rampas como essa."



sexta-feira, 28 de março de 2014

Sindrome de Amélia alheia não me afeta

Fui comprar cortinas para o quartinho - que talvez se torne "quarto de hóspedes" e estava babando num tecido florido todo delicado. Já havia decidido que ia ficar com aquele quando entra uma turca enxerida e mete a mão no mesmo tecido, colocando o corpo dela na minha frente!
Praticamente se pondo entre eu e o tecido, a velha vira pra mim e pergunta"você vai comprar esse ?". "Sim." respondi educadamente."Ah .... mas você tem que perguntar se precisar passar !" - disse em tom de autoridade e os olhos arregalados por trás dos óculos pesados.

Eu tinha que dizer alguma coisa ...

Olhei bem na cara dela, me inclinando levemente respondi:
- Eu não perco meu tempo passando cortinas, minha senhora. Tenho coisas muito mais importantes pra fazer da minha vida...

A velha me olhou de boca aberta e se mandou, sem falar com nenhum vendedor. Foi como se tivesse me visto da rua e decidido entrar só pra se meter no meu negócio.

Se era portadora de problemas mentais eu não sei, mas a cena lhe pareceu familiar? Quem mora na Turquia sabe de duas coisas (dentre outras muitas):

1- eles são abelhudos num grau inacreditável pra ser verdade.

2 - As mulheres tem uma síndrome de Amélia tão, mas tão exarcebada que não basta ser Amélia, elas têm que mostrar que são mesmo e extravasar todo o sofrimento da condição que elas mesmas se impõem.

O prêmio? Diversas LER (lesão por esforço repetitivo), é isso que se ganha.

Não, a minha casa não é um chiqueiro. Eu limpo a casa, não tenho empregada e mesmo quando cai de cama a casa estava limpa - o marido assumia a função, lógico.

A filosofia aqui em casa é assim: a vida é muito curta pra ficar lambendo a casa. Limpeza sim, mas sandice não. E eu quero que os costumes locais se explodam, porque enquanto fiquei internada quem me limpava era meu marido, e mais ninguém, absolutamente. A concunhada, no começo veio muitas vezes querer meter o nariz, mas depois de muita briga e verdade falada na cara ela só faz isso se quiser ouvir o que não quer ...

Onde duas surdas não se entendem ... caso verídico

Essa aconteceu agora pela manhã, enquanto a velha máquina de lavar batia a toda e fazia um barulho mais alto do que turbina de avião.

Eis que o telefone toca e eu atendo, a única coisa que entendi foram a primeira e a última palavra (que, no caso do turco era um verbo) me chamou de Sra Silva e anunciou quem estava falando mas, quem era não entendi. Como a moça estava ligando de um call center, mais parecia que estava no meio da Bolsa de Valores de São Paulo em pleno pregão.
- Minha querida, não consigo entender NADA do que você está falando ... tem muito barulho atrás de você ! - me senti a "velha surda" da antiga "Praça é Nossa".

Ela repetiu umas 3 vezes, na quarta vez - quando o barulho ao fundo como num passe de mágica cessou - eu entendi "Sağlık Bakanlığı" (o Ministério da Saúde, pra quem eu encaminhei reclamação duas vezes por email e ainda aguardo retorno).  Perguntei pra confirmar se era do "Sağlık Bakanlığı" e ela disse que sim (!!!!)
Desci a lenha no sistema, falando das enfermeiras que nunca usam luvas pra fazer o exame de sangue e das minhas lutas nos hospitais pelos quais tenho peregrinado (por conta da minha alergia à pimenta, coisa que acho que até Atatürk já sabe).
Tava toda empolgada no meu discurso inflamado, quando ela me pergunta espantada:
- As enfermeiras não usam luvas pra fazer exame de sangue???? - perguntou.
- Ao menos na maioria dos hospitais em que fui, não, elas não usam!
- Mas minha senhora, eu estou ligando do Juan Juan Saç Bakımı (era pra vender produto pra tratar do cabelo).

Rimos, e rimos e rimos. Eu juro que nem me lembrava que um dia perdido no tempo deixei meu telefone pra saber de tratamento pra cabelo. Eu me senti uma idiota, mas não me senti sozinha, porque ela também tinha dito "sim" quando perguntei da onde era.

Ela, lógicamente, tentou fechar negócio comigo, mas como muito tempo havia se passado desde que eu contatara ela e já havia me resolvido com outra linha de tratamento pro cabelo, tive que dar uma desculpa elegante:

- Agora não vou poder resolver nada, benzinho, porque vou viajar amanhã para o Brasil ...
Silêncio. A moça perguntou:
- Viajar pra onde, senhora?
- Pro Brasil.
- E quando a senhora retorna?
- Só depois da Copa do Mundo.
Mais um instante de silêncio.
- Tipo ... - (bem, a moça não sabe quando é a Copa do Mundo).
- Tipo, em Julho. Depois de Julho eu tô de volta.

Ela deu risada e nos despedimos. Bem, se depois dessa situação ao menos ela se deu conta do quão descuidadas são as enfermeiras desse país e passar isso pra frente já é alguma coisa. :)


Fazendo merchand de graça, tem até dona Adriana Lima no site fazendo propaganda, e parcelam em até 9 vezes no cartão de crédito do seu marido: http://www.juanjuan.gen.tr/juanjuan-sac-bakim-sampuani-ve-kremi.html

Beijos pra você, logo mais tem mais post!

Manchetes do dia: "depois do twitter, Turquia corta acesso ao youtube

Veja na integra no link (em português): http://www.publico.pt/mundo/noticia/autoridade-das-telecomunicacoes-da-turquia-corta-acesso-ao-youtube-1629977

quinta-feira, 27 de março de 2014

Tratado sobre saudade: amigos, os novos amigos que se faz em terras estrangeiras.

Lembro daquele sentimento de amizade que tinha em minha infância, onde o amigo era como o irmão que nasceu em outra casa.

A gente cresce e a correria meio que não deixa vc lembrar ou pensar nesse sentimento. Eu não sei, mas depois de grande passei a ter saudade das amigas que viajam pra visitar a terrinha, rever os parentes. Por favor, nao entendam como um sentimento egoísta. Quero mais é que elas viagem mesmo e revejam os seus queridos, que faziam parte do mundo delas antes mesmo que eu o fizesse. Quero mais é que curtam os minutos com aqueles que deixaram para trás, e que cada sorriso, lágrima e suspiro seja eterno enquanto a estadia delas durar em seus países de origem.

Mas a gente, que é expatriado, acaba adotando os amigos como família da gente, muito mais (e põe mais nisso) do que os parentes de nossos cônjuges (fala ae que não é?)

Não fiquem com ciúmes vocês amigas, mas esse post eu dedico a minha amiga Noelia (ou Noelita, como sempre a chamo). Apesar de argentina - desculpa a piada, mas você sabe Brasil x Argentina é complicado pra gente - acabou ocupando um lugar importante na minha vida.

Se eu tivesse conhecido a Noelia em minha infância, tenho certeza de que ela seria aquela amiga que eu iria visitar de pijama, brincar com os brinquedos dela, puxar o cabelo brigar e brigar junto ... Aquela amiga que a gente liga e não consegue desgrudar do telefone. Aquela que a família toda já conhece.

Nossa amizade é tão engraçada que as vezes me sinto como num filme de comédia quando estou com ela. Viajamos juntas no aniversário de casamento (calma, meu e do Mustafa). Lógico o marido dela tava junto.

E isso rendeu piada, porque entramos numa loja em Fethiye juntas e num lugar onde tem tanto estrangeiro os locais costumam ser mais cabeça aberta e perguntaram se éramos casadas porque eu falei que estava viajando para comemorar o meu aniversário de casamento...

- Casadas ? Se f*** seu fdp !

Noelia ria e ria, e ficava me chamando de marido (besta). Tirou a foto abaixo e mandou pra mim, como marido&mulher.jpg. Num presta essa minha amiga.

Da última vez que meu marido discutiu comigo por causa de coisa besta foi na casa dela que eu baixei. Serviu chá, biscoitos e daqui cinco minutos tava tirando zarro da situação, do jeito dela e meu nervoso passou por completo.

Ela sempre consegue transformar a situação de trágica em cômica.





Apesar da gente não poder assistir a Copa do Mundo juntas você mora no meu coração sua tranqueira!
Volta logo meu, tô com saudade!

quarta-feira, 26 de março de 2014

Um dia de fúria - e não é o filme com o Michael Douglas

Esse foi o filme que me veio à cabeça:


Decidi dar meu testemunho somente agora, após 2 meses aproximadamente do ocorrido, depois de ler um post num blog de uma brasileira que mora na Turquia - ou morava, agora não me lembro - onde ela fala que "os turcos sabem colocar você no seu lugar, que é o de estrangeira".

E esse lugar, eu não sei porque, não sei onde fica. Não que eu seja melhor do que ninguém - e não sou mesmo - mas o dia em que eu tirei o extrato da MİNHA (minha, não do meu marido) conta bancária e vi o governo cobrando alguns centavos de taxa, adotei o seguinte discurso toda vez que quero reclamar meus direitos:
- Eu pago impostos para seu governo, então eu tenho o direito de reclamar  (...) pois eu não sou turista, eu MORO aqui assim como você.

Bem, até agora a pequena retórica que desenvolvi nesses quase 3 anos de luta, idas ao hospital e duas internações tem me rendido vitórias importantes (com a graça do Senhor). 

Mas eu gostaria de contar aqui o dia em que tive que ir na Turkcell reclamar do celular que meu marido me deu - um android T21 que ele tirou numa promoção apenas por 50 TL - e a bosta do aparelho parava de funcionar toda vez que balançava. Tipo, escutar música ou falar com alguém enquanto estivesse dentro de um veículo em movimento, nem pensar.

Fui à loja da Turkcell e pedi para que transferissem a lista de telefones pra um aparelho que eles têm. O cara salvou a lista no memory card do meu celular mas não me avisou. Devolveu o celular pra mim e saiu da loja, sem se despedir. Fiquei esperando por ele, imaginei que tivesse ido pegar algo em outra loja, sei lá. Como não voltou, perguntei pra vendedora aonde ele tinha ido. Ninguém sabia, claro.
Tipo, sumiu, foi tomar um café ... sei lá, foi pra pqp.

Saí de lá e fui pro escritório do meu marido, contando o ocorrido. Meu marido ligou no celular dele e daí ele me informou que o backup tava salvo no cartão.

Pra resumir eu sei que tive que ir na bosta da assistência técnica duas vezes, e pra mim foi horrível porque eu estava usando um colar cervical e fazendo fisioterapia por conta de uma lesão na vértebra do pescoço.

Quando peguei o celular da assistência fui até a loja pra transferir a lista de telefones novamente pra ele, mas a moça que me atendeu disse que não localizou a lista.

Ou seja: todos meus contatos tinham sido perdidos. 

E me atendeu com um puta descaso, um puta descaso. E eu, com aquela coleira parecendo um ET pedi pra chamar o gerente.

A gerente veio e eu comecei o meu show, porque eu já não tinha mais nada a perder. Meu marido até saiu da loja e foi fumar um cigarro do outro lado da rua.

E o meu discurso foi mais ou menos assim:

- Vocês, toda vez que eu entro nessa loja me olham estranho... por que ? Vocês trabalham numa loja como essa, num lugar privilegiado como esse por onde passam centenas de turistas todos os dias mas ainda não se acostumaram a falar com estrangeiro não? Em que vocês acham que são melhores do que eu? Isso é muita, mas muita FALTA DE RESPEITO porque eu APRENDI A LINGUA DE VOCÊS - e nisso deu um murro na mesa - não entrei nessa loja pedindo pra ninguem falar ingles comigo, sempre tratei vocês muito bem mas não posso dizer o mesmo de vocês! E depois se orgulham da hospitalidade turca! É ISSO QUE VOCÊS CHAMAM DE HOSPITALIDADE ???????? - mais outro murro na mesa. - Eu sou cliente, eu não estou pedindo nenhum favor ! Pago pelos produtos e serviços do mesmo jeito que um turco faz, e estou aqui, nessas condições (e apontei pro colar) pedindo a solução de um problema simples e é assim que vocês tratam os clientes ???????????? - mais outro murro.

Explodi, pus tudo pra fora. Só faltou reclamar da pimenta na comida e das enfermeiras sem luva ...

Foi rídiculo, eu sei. Mas necessário! Não era nem a primeira, nem a segunda vez ... eu tinha que pôr um fim nesse ciclo de falta de respeito. 
Todos os vendedores estavam brancos, e olhei na cara de cada um deles. Ligaram pro barnabé que havia salvo o backup, que deu a orientação pra gerente de como fazer a transferência da lista pro meu celular. Ela se desmanchou em desculpas.

Dias atrás precisei ir naquela loja e uma das mocinhas que sempre me olhava estranho me atendeu super-bem, até puxou papo e perguntou de onde eu era. Se foi por medo ou respeito, eu quero que se foda. O que me importa é o resultado. Se falam mal de mim pelas minhas costas, se me chamam de "a estrangeira louca" nem ligo.

O que importa é que me tratem com dignidade enquanto estou lá, como cliente.

Eu tenho boca, e eu sei o meu lugar, e meu lugar não é mais esquecida no canto como antes ...

terça-feira, 25 de março de 2014

Notícias da Turquia em português - o que saiu na mídia: avião sirio abatido pela Turquia - Proibição do Twitter, Cicinho em alta

Turquia abate avião militar da Síria

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/03/140323_turquia_siria_bg.shtml

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/03/turquia-derruba-aviao-militar-sirio-na-fronteira-diz-ong.html

Proibição do Twitter

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/03/1430576-proibicao-ao-twitter-causa-batalha-tecnologica-na-turquia.shtml

Cicinho em alta na Turquia

http://www.otempo.com.br/superfc/em-alta-na-turquia-cicinho-diz-que-faria-tudo-diferente-no-atl%C3%A9tico-1.813501

sexta-feira, 21 de março de 2014

Granola no mercado e ninguém me contou isso ?

Vi a propaganda por acidente - meu marido sempre grava seriados pra mim e eu sempre pulo os comerciais ...

Pena que o mercado está fechado, mas amanhã cedo vou correr lá pra conferir.

Segue o comercial:


* Pascal Nouma é ex-jogador de futebol do Beşiktaş, francês de origem mas turco de coração.

Casamento sem noiva? Histórias fantásticas que escuto do povo daqui ...

Olá pessoal,

Parece mais história de filme, mas não é! Mas essa situação inusitada aconteceu no ano de 1984, aqui em İzmir.

E quem me relatou isso foi minha sogra, tendo como testemunha meu sogro e meu marido. E ainda disse que se eu não acreditasse, ainda me apresentaria mais testemunhas.

Sim, a noiva não apareceu no próprio casamento.

Minha sogra havia "arranjado" os dois: naqueles tempos não existia isso de "namoro", pra "se conhecer" ... esqueça tudo isso. As pessoas atingiam uma certa idade dae a própria família quem se encarregava de arrumar um pretendente, acertar tudo e depois se preparavam pro noivado e, tempos depois, casamento.

E foi nessas que minha sogra apresentou o primo do meu sogro pra uma amiga, que era de família abastada - assim como o primo em questão, que recebera educação da melhor maneira possível. A família mandou Murat* para estudar técnicas de fabricação de couro na Itália, para depois tocar os negócios da família.

Tudo ia bem, como num conto de fadas, exceto por uma criatura: a sogra.

SIM, A SOGRA PÔS TUDO A PERDER ...

A cascavel, surucucu, caninana e todos os adjetivos ofídicos é pouco pra essa criatura, que se metia na vida da moça num grau sem limites.

"- Como toda sogra, né Luci ?"

Bem, mas essa era demais...

Decidiu a organização da festa de noivado toda, todinha (normalmente o lado da noiva quem se encarrega disso, de acordo com a tradição local). A noiva não deu palpite nem nas flores da decoração. NADA.

E o noivo não ficava atrás não nas derrapadas: na festa de noivado ele vez ou outra ele se sentava a mesa de alguns convidados e colocava os pés na mesa:


Pros costumes da época, pra aquela gente de tão fino trato, isso era inaceitável.

Assim. E a coisa toda foi indo ... entre o noivado até a data do casamento se passaram 4 meses. No dia D, aquela correria toda, a família da noiva pede pro noivo passar na loja e pegar o vestido DELA (ele morava bem mais perto da loja do que a noiva). E a resposta veio dele mesmo:

- Isso é tarefa pra família da noiva. A família da noiva que pegue!

O pai da noiva deu um jeito e foi até lá, com o futuro genro atravessado na garganta. "-O que custava ele ter feito aquele favor?"

Horas mais tarde, o noivo aparece na casa da noiva, trajando jeans escuro e camisa.

- Por que você não se arrumou ainda ? - perguntou a noiva.
- Ah, mas eu vou casar assim, qual o problema? (e, pelos relatos dos meus sogros isso de fato aconteceu)

A noiva e a sua família se entreolharam. Nisso o rapaz saiu e a noiva ligou pra minha sogra, aos prantos. Disse que estava vendo muita coisa errada antes mesmo de se casarem e que só podia esperar pelo pior depois de assinarem os papéis.

Minha sogra tentou acalmá-la, falando que ele estava agindo daquele jeito por estar nervoso com o casamento. E desligaram.

Então meus sogros se arrumaram, pegaram meu cunhado na rodoviária (ele estava fazendo faculdade em outra cidade) e se foram. O meu sogro seria a testemunha do casamento ...

Nesse interim, o pai da noiva, diante de tantas coisas que se passaram disse pra filha:

- Você não precisa ir nesse casamento se não quiser.

Minha sogra me contou que ficaram horas esperando pela noiva ... HORAS! Até as pessoas se darem conta que a noiva não viria custou ... era fantástico demais para ser verdade.

Da parte da noiva, apenas a família próxima composta dos pais e irmãos não compareceram. Os demais parentes da parte dela estavam no local - não existia celular naqueles tempos ...

Por se tratar de casamento de gente da alta sociedade, falamos de quase 300 convidados que ficaram a ver navios.

Tentaram ligar na casa dela, mas ninguém estava lá. Chegaram a bater lá na casa da família da noiva, mas eles haviam viajado para um retiro em família pra se recuperar de tamanha situação.

A sogra (não a minha, a que seria dela) ligou para minha sogra, choramingando, resmungando por diversas vezes. Se lamentava pois dizia "gostar muito da moça e a tinha como filha".

Típico das sogras das bandas de cá...

Bem, o nome do noivo é fictício. Anos depois eles se casaram - com pessoas diferentes, não entre si - e ele sofreu um acidente de carro, onde veio a falecer. A noiva ainda vive, mas minha sogra não tem mais contato com ela - bem, acho que depois disso tudo, nem teve mais cara né ...


Corre, noiva, corre!