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domingo, 30 de março de 2014

Batendo papo com o oficial da Jandarma que nos parou a tanto tempo atrás

O mundo da voltas e gira, deixando a gente tonta. Às vezes eu acho que minha vida é uma novela, mas isso só é coisa da minha cabeça mesmo.

Numa noite qualquer do começo de agosto de 2011 eu e meu marido fomos parados pela Jandarma, que fazia um controle rotineiro em nossa vila. Não falava nada em turco, não tinha o passaporte comigo (no dia anterior tínhamos dado entrada na minha permissão de residência).
Eu só tinha o RG brasileiro comigo, que vale tanto quanto uma casca de banana aqui ...

O que me salvou foi o fato do sargento ser louco por futebol e me pedir os palpites do campeonato brasileiro ...

Dias depois, a imigração manda a Jandarma fazer controle lá em casa, e eu reconheci o sargento. Servi café brasileiro e chá para ele e seus homens. Naquele dia ele nem quis ver meu passaporte. "Acredito em você." foi o que eu entendi.

Hoje, lá na frente do colégio onde meu marido vota estava o mesmo sargento - cujo nome não guardo de jeito nenhum - e seus homens, fazendo a segurança e impedindo boca de urna.

Dessa vez eu é quem fui falar com ele.

- Olá oficial, o senhor se lembra de mim? Sou a brasileira que mora lá no topo da montanha...

Ele apertou minha mão, me olhando boquiaberto, num misto de surpresa e confusão.

- Mas você está falando turco!

O tempo passou ... muito tempo passou e eu trabalhei duro. Meu marido investiu em mim. E eu honrei cada centavo desse duro investimento.

O sargento me perguntou várias coisas sobre meu país, se eu não ficava entediada de passar o dia sozinha na roça onde moramos, se eu criava patos (sim, patos!!!) para passar o tempo.
- Oficial, esse não é meu estilo de vida. Eu sou como as mulheres de İstambul - que estudam e trabalham!
Ele me olhou admirado. E perguntou quantos idiomas eu falava. Depois comentou:
- Meu Deus, por que todo estrangeiro fala mais de 3-4 idiomas? Nosso povo é muito preguiçoso mesmo! - e olhou por cima do meu ombro, dizendo: - Acho que eles nunca viram uma estrangeira antes. Pararam aqui por sua causa!

Ao sargento se juntaram outros: o atual "Muhtar" do vilarejo, candidato à reeleição, e seus cabos eleitorais, e algumas crianças curdas e outras filhos de ciganos que moram na aldeia (posso dizer que moramos em uma...) que me perguntaram se eu conhecia o Neymar e o Alex de Souza.

"- Gente, nunca vou esquecer desse dia, nunca vi isso na minha vida!" - foi o que escutei de um deles.

O sargento ainda achou de inventar que meu pai era famoso no Brasil, era prefeito de São Paulo kkkk

Meu marido tava subindo a rampa da saída da escola e quando me viu rodeada por uma pequena platéia abriu um sorriso. Parou, trocou idéia com o pessoal e telefones. Depois fomos embora.

Acenaram pra gente quando nosso carro passou. Diferente da primeira vez quando fui abordada e espiada apenas como um bicho exótico hoje eu me senti mais do que gente: me senti celebridade.

Será que rola deu ser vereadora?




Um recado muito inusitado pendurado num carro numa rua qualquer de Alsancak

Um dia passeando com meu marido em Alsancak (que é um bairro chique aqui em İzmir!) me deparei com essa inusitada cena e não pude deixar de registrá-la. Um carro havia estacionado em frente a rampa da calçada - destinada a pessoas com deficiência física - e alguém dos arredores deixou um recado para o dono do carro. Meu marido corrigiu o turco do autor da mensagem, que ficou assim:

"Sizin bu duyarsızlığınıza hayran kalıyorum. O önüne park ettiğiniz rampa sizin kullanımınız için değil. Hani dingil gördüm, ama senin kadarını ender gördüm. Gerçekten incelenmesi gereken bir örneksiniz.
İnşallah sizin bu rampalara ihtiyacınız olmaz."

"Fico admirado com a sua indiferença. O lugar em frente a rampa onde o senhor estacionou não é de seu uso. Já vi muito babaca, mas babaca como você pouco vi. Realmente o senhor é um exemplo que precisa ser pesquisado. Deus queira que o senhor nunca necessite de rampas como essa."



sexta-feira, 28 de março de 2014

Sindrome de Amélia alheia não me afeta

Fui comprar cortinas para o quartinho - que talvez se torne "quarto de hóspedes" e estava babando num tecido florido todo delicado. Já havia decidido que ia ficar com aquele quando entra uma turca enxerida e mete a mão no mesmo tecido, colocando o corpo dela na minha frente!
Praticamente se pondo entre eu e o tecido, a velha vira pra mim e pergunta"você vai comprar esse ?". "Sim." respondi educadamente."Ah .... mas você tem que perguntar se precisar passar !" - disse em tom de autoridade e os olhos arregalados por trás dos óculos pesados.

Eu tinha que dizer alguma coisa ...

Olhei bem na cara dela, me inclinando levemente respondi:
- Eu não perco meu tempo passando cortinas, minha senhora. Tenho coisas muito mais importantes pra fazer da minha vida...

A velha me olhou de boca aberta e se mandou, sem falar com nenhum vendedor. Foi como se tivesse me visto da rua e decidido entrar só pra se meter no meu negócio.

Se era portadora de problemas mentais eu não sei, mas a cena lhe pareceu familiar? Quem mora na Turquia sabe de duas coisas (dentre outras muitas):

1- eles são abelhudos num grau inacreditável pra ser verdade.

2 - As mulheres tem uma síndrome de Amélia tão, mas tão exarcebada que não basta ser Amélia, elas têm que mostrar que são mesmo e extravasar todo o sofrimento da condição que elas mesmas se impõem.

O prêmio? Diversas LER (lesão por esforço repetitivo), é isso que se ganha.

Não, a minha casa não é um chiqueiro. Eu limpo a casa, não tenho empregada e mesmo quando cai de cama a casa estava limpa - o marido assumia a função, lógico.

A filosofia aqui em casa é assim: a vida é muito curta pra ficar lambendo a casa. Limpeza sim, mas sandice não. E eu quero que os costumes locais se explodam, porque enquanto fiquei internada quem me limpava era meu marido, e mais ninguém, absolutamente. A concunhada, no começo veio muitas vezes querer meter o nariz, mas depois de muita briga e verdade falada na cara ela só faz isso se quiser ouvir o que não quer ...

Onde duas surdas não se entendem ... caso verídico

Essa aconteceu agora pela manhã, enquanto a velha máquina de lavar batia a toda e fazia um barulho mais alto do que turbina de avião.

Eis que o telefone toca e eu atendo, a única coisa que entendi foram a primeira e a última palavra (que, no caso do turco era um verbo) me chamou de Sra Silva e anunciou quem estava falando mas, quem era não entendi. Como a moça estava ligando de um call center, mais parecia que estava no meio da Bolsa de Valores de São Paulo em pleno pregão.
- Minha querida, não consigo entender NADA do que você está falando ... tem muito barulho atrás de você ! - me senti a "velha surda" da antiga "Praça é Nossa".

Ela repetiu umas 3 vezes, na quarta vez - quando o barulho ao fundo como num passe de mágica cessou - eu entendi "Sağlık Bakanlığı" (o Ministério da Saúde, pra quem eu encaminhei reclamação duas vezes por email e ainda aguardo retorno).  Perguntei pra confirmar se era do "Sağlık Bakanlığı" e ela disse que sim (!!!!)
Desci a lenha no sistema, falando das enfermeiras que nunca usam luvas pra fazer o exame de sangue e das minhas lutas nos hospitais pelos quais tenho peregrinado (por conta da minha alergia à pimenta, coisa que acho que até Atatürk já sabe).
Tava toda empolgada no meu discurso inflamado, quando ela me pergunta espantada:
- As enfermeiras não usam luvas pra fazer exame de sangue???? - perguntou.
- Ao menos na maioria dos hospitais em que fui, não, elas não usam!
- Mas minha senhora, eu estou ligando do Juan Juan Saç Bakımı (era pra vender produto pra tratar do cabelo).

Rimos, e rimos e rimos. Eu juro que nem me lembrava que um dia perdido no tempo deixei meu telefone pra saber de tratamento pra cabelo. Eu me senti uma idiota, mas não me senti sozinha, porque ela também tinha dito "sim" quando perguntei da onde era.

Ela, lógicamente, tentou fechar negócio comigo, mas como muito tempo havia se passado desde que eu contatara ela e já havia me resolvido com outra linha de tratamento pro cabelo, tive que dar uma desculpa elegante:

- Agora não vou poder resolver nada, benzinho, porque vou viajar amanhã para o Brasil ...
Silêncio. A moça perguntou:
- Viajar pra onde, senhora?
- Pro Brasil.
- E quando a senhora retorna?
- Só depois da Copa do Mundo.
Mais um instante de silêncio.
- Tipo ... - (bem, a moça não sabe quando é a Copa do Mundo).
- Tipo, em Julho. Depois de Julho eu tô de volta.

Ela deu risada e nos despedimos. Bem, se depois dessa situação ao menos ela se deu conta do quão descuidadas são as enfermeiras desse país e passar isso pra frente já é alguma coisa. :)


Fazendo merchand de graça, tem até dona Adriana Lima no site fazendo propaganda, e parcelam em até 9 vezes no cartão de crédito do seu marido: http://www.juanjuan.gen.tr/juanjuan-sac-bakim-sampuani-ve-kremi.html

Beijos pra você, logo mais tem mais post!

Manchetes do dia: "depois do twitter, Turquia corta acesso ao youtube

Veja na integra no link (em português): http://www.publico.pt/mundo/noticia/autoridade-das-telecomunicacoes-da-turquia-corta-acesso-ao-youtube-1629977

quinta-feira, 27 de março de 2014

Tratado sobre saudade: amigos, os novos amigos que se faz em terras estrangeiras.

Lembro daquele sentimento de amizade que tinha em minha infância, onde o amigo era como o irmão que nasceu em outra casa.

A gente cresce e a correria meio que não deixa vc lembrar ou pensar nesse sentimento. Eu não sei, mas depois de grande passei a ter saudade das amigas que viajam pra visitar a terrinha, rever os parentes. Por favor, nao entendam como um sentimento egoísta. Quero mais é que elas viagem mesmo e revejam os seus queridos, que faziam parte do mundo delas antes mesmo que eu o fizesse. Quero mais é que curtam os minutos com aqueles que deixaram para trás, e que cada sorriso, lágrima e suspiro seja eterno enquanto a estadia delas durar em seus países de origem.

Mas a gente, que é expatriado, acaba adotando os amigos como família da gente, muito mais (e põe mais nisso) do que os parentes de nossos cônjuges (fala ae que não é?)

Não fiquem com ciúmes vocês amigas, mas esse post eu dedico a minha amiga Noelia (ou Noelita, como sempre a chamo). Apesar de argentina - desculpa a piada, mas você sabe Brasil x Argentina é complicado pra gente - acabou ocupando um lugar importante na minha vida.

Se eu tivesse conhecido a Noelia em minha infância, tenho certeza de que ela seria aquela amiga que eu iria visitar de pijama, brincar com os brinquedos dela, puxar o cabelo brigar e brigar junto ... Aquela amiga que a gente liga e não consegue desgrudar do telefone. Aquela que a família toda já conhece.

Nossa amizade é tão engraçada que as vezes me sinto como num filme de comédia quando estou com ela. Viajamos juntas no aniversário de casamento (calma, meu e do Mustafa). Lógico o marido dela tava junto.

E isso rendeu piada, porque entramos numa loja em Fethiye juntas e num lugar onde tem tanto estrangeiro os locais costumam ser mais cabeça aberta e perguntaram se éramos casadas porque eu falei que estava viajando para comemorar o meu aniversário de casamento...

- Casadas ? Se f*** seu fdp !

Noelia ria e ria, e ficava me chamando de marido (besta). Tirou a foto abaixo e mandou pra mim, como marido&mulher.jpg. Num presta essa minha amiga.

Da última vez que meu marido discutiu comigo por causa de coisa besta foi na casa dela que eu baixei. Serviu chá, biscoitos e daqui cinco minutos tava tirando zarro da situação, do jeito dela e meu nervoso passou por completo.

Ela sempre consegue transformar a situação de trágica em cômica.





Apesar da gente não poder assistir a Copa do Mundo juntas você mora no meu coração sua tranqueira!
Volta logo meu, tô com saudade!

quarta-feira, 26 de março de 2014

Um dia de fúria - e não é o filme com o Michael Douglas

Esse foi o filme que me veio à cabeça:


Decidi dar meu testemunho somente agora, após 2 meses aproximadamente do ocorrido, depois de ler um post num blog de uma brasileira que mora na Turquia - ou morava, agora não me lembro - onde ela fala que "os turcos sabem colocar você no seu lugar, que é o de estrangeira".

E esse lugar, eu não sei porque, não sei onde fica. Não que eu seja melhor do que ninguém - e não sou mesmo - mas o dia em que eu tirei o extrato da MİNHA (minha, não do meu marido) conta bancária e vi o governo cobrando alguns centavos de taxa, adotei o seguinte discurso toda vez que quero reclamar meus direitos:
- Eu pago impostos para seu governo, então eu tenho o direito de reclamar  (...) pois eu não sou turista, eu MORO aqui assim como você.

Bem, até agora a pequena retórica que desenvolvi nesses quase 3 anos de luta, idas ao hospital e duas internações tem me rendido vitórias importantes (com a graça do Senhor). 

Mas eu gostaria de contar aqui o dia em que tive que ir na Turkcell reclamar do celular que meu marido me deu - um android T21 que ele tirou numa promoção apenas por 50 TL - e a bosta do aparelho parava de funcionar toda vez que balançava. Tipo, escutar música ou falar com alguém enquanto estivesse dentro de um veículo em movimento, nem pensar.

Fui à loja da Turkcell e pedi para que transferissem a lista de telefones pra um aparelho que eles têm. O cara salvou a lista no memory card do meu celular mas não me avisou. Devolveu o celular pra mim e saiu da loja, sem se despedir. Fiquei esperando por ele, imaginei que tivesse ido pegar algo em outra loja, sei lá. Como não voltou, perguntei pra vendedora aonde ele tinha ido. Ninguém sabia, claro.
Tipo, sumiu, foi tomar um café ... sei lá, foi pra pqp.

Saí de lá e fui pro escritório do meu marido, contando o ocorrido. Meu marido ligou no celular dele e daí ele me informou que o backup tava salvo no cartão.

Pra resumir eu sei que tive que ir na bosta da assistência técnica duas vezes, e pra mim foi horrível porque eu estava usando um colar cervical e fazendo fisioterapia por conta de uma lesão na vértebra do pescoço.

Quando peguei o celular da assistência fui até a loja pra transferir a lista de telefones novamente pra ele, mas a moça que me atendeu disse que não localizou a lista.

Ou seja: todos meus contatos tinham sido perdidos. 

E me atendeu com um puta descaso, um puta descaso. E eu, com aquela coleira parecendo um ET pedi pra chamar o gerente.

A gerente veio e eu comecei o meu show, porque eu já não tinha mais nada a perder. Meu marido até saiu da loja e foi fumar um cigarro do outro lado da rua.

E o meu discurso foi mais ou menos assim:

- Vocês, toda vez que eu entro nessa loja me olham estranho... por que ? Vocês trabalham numa loja como essa, num lugar privilegiado como esse por onde passam centenas de turistas todos os dias mas ainda não se acostumaram a falar com estrangeiro não? Em que vocês acham que são melhores do que eu? Isso é muita, mas muita FALTA DE RESPEITO porque eu APRENDI A LINGUA DE VOCÊS - e nisso deu um murro na mesa - não entrei nessa loja pedindo pra ninguem falar ingles comigo, sempre tratei vocês muito bem mas não posso dizer o mesmo de vocês! E depois se orgulham da hospitalidade turca! É ISSO QUE VOCÊS CHAMAM DE HOSPITALIDADE ???????? - mais outro murro na mesa. - Eu sou cliente, eu não estou pedindo nenhum favor ! Pago pelos produtos e serviços do mesmo jeito que um turco faz, e estou aqui, nessas condições (e apontei pro colar) pedindo a solução de um problema simples e é assim que vocês tratam os clientes ???????????? - mais outro murro.

Explodi, pus tudo pra fora. Só faltou reclamar da pimenta na comida e das enfermeiras sem luva ...

Foi rídiculo, eu sei. Mas necessário! Não era nem a primeira, nem a segunda vez ... eu tinha que pôr um fim nesse ciclo de falta de respeito. 
Todos os vendedores estavam brancos, e olhei na cara de cada um deles. Ligaram pro barnabé que havia salvo o backup, que deu a orientação pra gerente de como fazer a transferência da lista pro meu celular. Ela se desmanchou em desculpas.

Dias atrás precisei ir naquela loja e uma das mocinhas que sempre me olhava estranho me atendeu super-bem, até puxou papo e perguntou de onde eu era. Se foi por medo ou respeito, eu quero que se foda. O que me importa é o resultado. Se falam mal de mim pelas minhas costas, se me chamam de "a estrangeira louca" nem ligo.

O que importa é que me tratem com dignidade enquanto estou lá, como cliente.

Eu tenho boca, e eu sei o meu lugar, e meu lugar não é mais esquecida no canto como antes ...

terça-feira, 25 de março de 2014

Notícias da Turquia em português - o que saiu na mídia: avião sirio abatido pela Turquia - Proibição do Twitter, Cicinho em alta

Turquia abate avião militar da Síria

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/03/140323_turquia_siria_bg.shtml

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/03/turquia-derruba-aviao-militar-sirio-na-fronteira-diz-ong.html

Proibição do Twitter

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/03/1430576-proibicao-ao-twitter-causa-batalha-tecnologica-na-turquia.shtml

Cicinho em alta na Turquia

http://www.otempo.com.br/superfc/em-alta-na-turquia-cicinho-diz-que-faria-tudo-diferente-no-atl%C3%A9tico-1.813501

sexta-feira, 21 de março de 2014

Granola no mercado e ninguém me contou isso ?

Vi a propaganda por acidente - meu marido sempre grava seriados pra mim e eu sempre pulo os comerciais ...

Pena que o mercado está fechado, mas amanhã cedo vou correr lá pra conferir.

Segue o comercial:


* Pascal Nouma é ex-jogador de futebol do Beşiktaş, francês de origem mas turco de coração.

Casamento sem noiva? Histórias fantásticas que escuto do povo daqui ...

Olá pessoal,

Parece mais história de filme, mas não é! Mas essa situação inusitada aconteceu no ano de 1984, aqui em İzmir.

E quem me relatou isso foi minha sogra, tendo como testemunha meu sogro e meu marido. E ainda disse que se eu não acreditasse, ainda me apresentaria mais testemunhas.

Sim, a noiva não apareceu no próprio casamento.

Minha sogra havia "arranjado" os dois: naqueles tempos não existia isso de "namoro", pra "se conhecer" ... esqueça tudo isso. As pessoas atingiam uma certa idade dae a própria família quem se encarregava de arrumar um pretendente, acertar tudo e depois se preparavam pro noivado e, tempos depois, casamento.

E foi nessas que minha sogra apresentou o primo do meu sogro pra uma amiga, que era de família abastada - assim como o primo em questão, que recebera educação da melhor maneira possível. A família mandou Murat* para estudar técnicas de fabricação de couro na Itália, para depois tocar os negócios da família.

Tudo ia bem, como num conto de fadas, exceto por uma criatura: a sogra.

SIM, A SOGRA PÔS TUDO A PERDER ...

A cascavel, surucucu, caninana e todos os adjetivos ofídicos é pouco pra essa criatura, que se metia na vida da moça num grau sem limites.

"- Como toda sogra, né Luci ?"

Bem, mas essa era demais...

Decidiu a organização da festa de noivado toda, todinha (normalmente o lado da noiva quem se encarrega disso, de acordo com a tradição local). A noiva não deu palpite nem nas flores da decoração. NADA.

E o noivo não ficava atrás não nas derrapadas: na festa de noivado ele vez ou outra ele se sentava a mesa de alguns convidados e colocava os pés na mesa:


Pros costumes da época, pra aquela gente de tão fino trato, isso era inaceitável.

Assim. E a coisa toda foi indo ... entre o noivado até a data do casamento se passaram 4 meses. No dia D, aquela correria toda, a família da noiva pede pro noivo passar na loja e pegar o vestido DELA (ele morava bem mais perto da loja do que a noiva). E a resposta veio dele mesmo:

- Isso é tarefa pra família da noiva. A família da noiva que pegue!

O pai da noiva deu um jeito e foi até lá, com o futuro genro atravessado na garganta. "-O que custava ele ter feito aquele favor?"

Horas mais tarde, o noivo aparece na casa da noiva, trajando jeans escuro e camisa.

- Por que você não se arrumou ainda ? - perguntou a noiva.
- Ah, mas eu vou casar assim, qual o problema? (e, pelos relatos dos meus sogros isso de fato aconteceu)

A noiva e a sua família se entreolharam. Nisso o rapaz saiu e a noiva ligou pra minha sogra, aos prantos. Disse que estava vendo muita coisa errada antes mesmo de se casarem e que só podia esperar pelo pior depois de assinarem os papéis.

Minha sogra tentou acalmá-la, falando que ele estava agindo daquele jeito por estar nervoso com o casamento. E desligaram.

Então meus sogros se arrumaram, pegaram meu cunhado na rodoviária (ele estava fazendo faculdade em outra cidade) e se foram. O meu sogro seria a testemunha do casamento ...

Nesse interim, o pai da noiva, diante de tantas coisas que se passaram disse pra filha:

- Você não precisa ir nesse casamento se não quiser.

Minha sogra me contou que ficaram horas esperando pela noiva ... HORAS! Até as pessoas se darem conta que a noiva não viria custou ... era fantástico demais para ser verdade.

Da parte da noiva, apenas a família próxima composta dos pais e irmãos não compareceram. Os demais parentes da parte dela estavam no local - não existia celular naqueles tempos ...

Por se tratar de casamento de gente da alta sociedade, falamos de quase 300 convidados que ficaram a ver navios.

Tentaram ligar na casa dela, mas ninguém estava lá. Chegaram a bater lá na casa da família da noiva, mas eles haviam viajado para um retiro em família pra se recuperar de tamanha situação.

A sogra (não a minha, a que seria dela) ligou para minha sogra, choramingando, resmungando por diversas vezes. Se lamentava pois dizia "gostar muito da moça e a tinha como filha".

Típico das sogras das bandas de cá...

Bem, o nome do noivo é fictício. Anos depois eles se casaram - com pessoas diferentes, não entre si - e ele sofreu um acidente de carro, onde veio a falecer. A noiva ainda vive, mas minha sogra não tem mais contato com ela - bem, acho que depois disso tudo, nem teve mais cara né ...


Corre, noiva, corre!




O Feriado do Nevruz - Início da Primavera pros lados de cá

Hoje abri meu facebook (espero que este também não tenha o acesso bloqueado) e me deparei com um "Feliz Nevruz". Ano passado assisti a uma palestra sobre o assunto na Universidade onde fiz meu curso de turco, e confesso que entendi o que disseram mas não entendi o sentido das comemorações.

Resumidamente achei que fosse somente uma espécie de Festival da Primavera. Mas o Nevruz é uma tradição milenar, como veremos a seguir:




E você que achou que era só no São João que se pulava fogueira, né?


Em português o feriado é conhecido como Noruz, é uma festa tradicional da Ásia Central que celebra o Ano Novo do calendário persa (primeiro dia da primavera). O Noruz é comemorado por algumas comunidades no dia 21 de março, e por outras, no dia do equinócio de primavera - que pode acontecer no dia 20, 21 ou 22 de março. É celebrado há pelo menos 3.000 anos e está profundamente enraizado nos rituais e nas tradições do Zoroastrismo. As mais antigas referências ao Noruz remontam à época parto-arsácida (247 a.C. - 224 d.C.). Há referências específicas à celebração durante o reino de Vologases I (51-78).

Consta oficiamente no calendário turco desde 1995, mas já era celebrado por aqui bem antes disso. (fonte: wiki turca)

Atualmente, o Noruz é celebrado em muitos países que foram parte dos antigos império iranianos ou sofreram sua influência. A saudação usual de ano novo é Noruz Mubarak (Feliz ano-novo). Na Turquia, diz-se Nevruz mübarek olsun.

Para saber mais, além da wikipedia sugiro estes dois blogs:

http://inlovewithturkey.blogspot.com.tr/2012/04/participando-de-um-nevruz-bayrami.html

http://agendaallaturca.blogspot.com.tr/2007/03/festival-da-primavera-nevruz-bayram.html

Acesso ao Twitter bloqueado - pra quem está na Turquia

Aviso aos navegantes: se você está na Turquia não vai conseguir acessar sua conta do Twitter.

terça-feira, 18 de março de 2014

Quer conhecer o jogador de futebol Roberto Carlos ? Concorra !

Pelo que eu li necessariamente você não precisa comprar um Dacia pra receber o tal código e concorrer ... mas tem que perguntar sobre o veículo, tá lá nas condições que eles fornecerão o código apenas para clientes interessados no veículo.

http://www.robertocarloslatanis.com/

Serão sorteadas 3 pessoas.

Pra quem quiser tentar, procure uma loja pertinho de você.

Turcos-cretenses, ou "Gritiler". Você ainda acha que turco é tudo igual? Leia esse post

Olá pessoal,

Falar que turco é tudo igual é o mesmo que dizer que um índio Yanomami, um baiano de Salvador, um gaúcho da fronteira e um paulista são tudo a mesma coisa. Sim, todos eles são brasileiros mas com cultura e costumes próprios. Na essência temos em comum o RG verdinho e a nacionalidade, mas somos diferentes em uma série de pontos.

E com os turcos não poderia ser diferente. Na essência eles têm uma série de valores em comum, mas nem todos são iguais.

Se até aqui o post foi "óbvio e ululante pra você", ótimo. Isso mostra que você não está no grupo dos pessimistas que ao invés de lançar um olhar mais critico já vai logo rotulando: "turcos são todos iguais!"


O meu por exemplo detesta berinjela e abobrinha (o que é uma aberração para um turco, cuja culinária tem como base de pratos importantes esses dois vegetais). Ah, e ele detesta chá turco também ...

Ainda acha que são todos iguais?

Tempos atrás ouvi uns desaforos de uma senhora que mora há 9, 10 anos pelas bandas de cá. A conversa não durou mais do que 5 minutos - nem dava!

Foi taxativa ao rotular os turcos, e nem me permitiu abrir a boca. Bem, o argumento dela foi de "que eu cheguei aqui ontem e não vi nada ainda." Tipo, eu não sabia de nada.

Bem, caso a senhora em questão esteja lendo esse post, eu não fico trancada em casa, eu vou pras ruas e interajo com os locais, leio muito em turco e assisto TV em turco também. Com eles eu debato sobre política e futebol, conversamos sobre tudo e os desafetos que tenho são mais entre os conterrâneos do que da comunidade turca (não estou puxando sardinha pra esse ou aquele, apenas relatando minha experiência pessoal).

Aprendo muito com eles. E só pra constar, Sra "Dona da Verdade": minha sogra tinha o status de estrangeira em sua infância, e foi bem discriminada pelos vizinhos que a chamavam de "infiel" (por conta da religião, apesar dela ser muçulmana, mas por ser de origem grega os demais presupunham que ela fosse cristã). Ela me conta que foi bem difícil para ela, que era apenas uma criança de 7 anos de idade, passar por essas coisas sem entender o porquê.

E, graças a Deus, por ela ter sentido isso na pele me ajudou muito em meu processo de adaptação aqui.

Bem, nem todas as sogras são iguais também ...

Esse post é apenas um de uma série que pretendo publicar aqui, Os turcos da Turquia. 

E gostaria de começar pelos "turcos-cretenses" porque meu marido faz parte desse grupo. Aliás ele, assim como minha sogra tem mais cara de gregos do que turcos ...


 
Meu marido Mustafa. Pra mim ele tem mais cara de grego do que turco...

Meus sogros.

E quem são os turcos cretenses ?


Os turcos cretenses (em turco: Giritli, Girit Türkleri ou Türk Giritliler), turco-cretenses (em grego: Τουρκοκρητικοί, transl. Tourkokritikoí) ou cretenses muçulmanos é o nome pelo qual são designados os habitantes muçulmanos de Creta, que viveram na ilha até 1923, e seus descendentes, que vivem na Turquia.
Após a conquista otomana de Creta (1645-1669), a colonização turca e uma alta taxa de conversões para o islamismo fizeram da ilha um caso único na história otomana. Certas fontes optam por utilizar o nome 'muçulmanos cretenses' para contabilizar também com uma parcela da população que teria se convertido ao cristianismo no decorrer do século XIX, bem como a presença de mais de 10.000 muçulmanos falantes do grego que vivem na Síria e no Líbano, que não se identificam como turcos, mas como gregos.

Foram forçados a abandonar Creta e emigrar, em sua maioria, para a Turquia, em ondas sucessivas no decorrer do século XIX, durante ou depois dos eventos de 1897, no início do domínio grego sobre a ilha, em 1908 e especialmente durante as conjunturas do acordo de 1923 para a troca de populações entre a Grécia e a Turquia. Diversos turcos cretenses conseguiram chegar a posições de destaque no Império Otomano e, posteriormente, na República da Turquia, assimilando completamente tanto a cultura quanto o idioma turcos. No contexto multilíngue da Creta otomana, muitos também falavam o dialeto grego cretense (κρητικά, kritika).

Na Turquia, estabeleceram-se ao longo do litoral que vai de Çanakkale a İskenderun; ondas subsequentes os levaram a cidades sírias como Damasco, Alepo e Al-Hamidiyah, a Trípoli, no Líbano, Haifa, em Israel, e até mesmo a Alexandria e Tanta, no Egito. Enquanto algumas destas populações se integraram às populações que lhes receberam no decorrer do século XX, boa parte ainda vive em comunidades fortemente unidas, que preservam sua cultura e tradições exclusivas, bem como o turco e o dialeto grego cretense, e muitas vezes mantêm contato com os parentes que se estabeleceram em outras localidades.

Entre 1821 e 1828, durante a guerra de independência grega, a ilha foi palco de diversos confrontos entre as populações. A maior parte dos muçulmanos deslocou-se para as grandes cidades fortificadas da costa norte da ilha, e a população da ilha foi drasticamente reduzida por estes conflitos, somados a epidemias e à fome. Na década de 1830, Creta não passava de uma ilha empobrecida e atrasada.

Religião

Embora a maior parte dos turcos cretenses sejam muçulmanos sunitas, o islã praticado em Creta durante o período otomano foi profundamente influenciado pela ordem sufi bektashi, como também ocorreu em outras regiões dos Bálcãs. Esta influência foi muito além dos números de praticantes do bektashismo na ilha, mas também influenciou a forma literária da região, as variantes populares do islã e toda uma tradição de tolerância religiosa.

Cultura turco-cretense na Turquia

Diversas nuances podem ser observadas entre as ondas de imigrações de Creta, e seus respectivos padrões comportamentais. No fim do século XIX os turcos frequentemente tiveram de fugir de perseguições e massacres, procurando refúgio no atual território da Turquia, ou até mesmo além (Al-Hamidiyah). Durante a década de 1910, com o fim do Estado Cretense - que havia concedido à comunidade muçulmana da ilha um reconhecimento apropriado - muitos outros fugiram. A Guerra Greco-Turca e a subsequente troca populacional foi a derradeira entre as principais causas que ajudaram a compor estas nuances.
Entre as contribuições feitas pelos turcos cretenses à cultura turca em geral, são dignas de menção as tradições culinárias peculiares, baseadas no alto consumo de azeite e numa gama surpreendente de ervas e outros materiais crus de origem vegetal. Embora evidentemente tais alimentos não tenham sido introduzidos aos seus compatriotas por eles, os turcos cretenses expandiram enormemente o conhecimento em torno destes produtos e ampliaram o seu uso. A predileção por ervas, algumas das quais podem até mesmo serem consideradas incomuns, também se tornaram alvo de algumas piadas. A cadeia de restaurantes Giritli ("Cretense"), em Istambul, Ancara e Bodrum, e os restaurantes Girit Mutfağı ("Cozinha Cretense"), de Ayşe Ün, indicam referências a este respeito. Houve alguma falta de cuidado da parte das autoridades, nos primeiros anos da República Turca, ao não acomodar os turcos cretenses em locais onde se encontravam os vinhedos deixados pelos gregos que haviam partido, já que este capital acabou se perdendo, na mão de agricultores sem o conhecimento anterior da vinicultura. No campo das indústrias marítimas, o pioneiro na construção das embarcações gulet, que acabou por se tornar uma indústria fortíssima na Bodrum moderna, Ziya Güvendiren, era um turco cretense, da mesma maneira que muitos dos seus antigos aprendizes, que acabaram por se tornarem eles próprios construtores de sucesso, sediados nas Bodrum e Güllük de hoje em dia.

Fonte: Wikipédia

Algumas curiosidades acerca dos turcos cretenses:


* "Um dia um fazendeiro estava na varanda de sua propriedade quando chega seu empregado, alvoroçado dizendo que cabras haviam invadido a propriedade. O fazendeiro não se abalou.
Minutos depois chega outro empregado contando que turcos cretenses haviam invadido a propriedade. O homem num pulo apavorado correu pra resolver a situação."

A piada acima faz alusão à fama dos turcos cretenses em consumidores de tudo o que for verde. Em turco, o termo "ot" abrange diversas algas e outros vegetais provenientes dos brejos e riachos ... Sim, minha gente ... isso é iguaria na culinária giritli. Basta ser verde, cozido e misturar com iogurte pra virar comida.

A base da alimentação turco-cretense é muito mais vegetariana do que carnívora.

* Existem diversas comunidades no facebook com o nome Giritler. Eles promovem encontros, trocam idéias e receitas. Às vezes se reunem para degustar "saliangos" (podemos chamar de escargot ...), isso mesmo, lesmas - coisa que turcos-muçulmanos convencionais não comem de jeito nenhum.

* Aqui segue um vídeo, onde o autor de um livro com receitas da culinária cretense é entrevistado. "A Cozinha Cretense é o segredo de uma vida longa."
O vídeo é em turco, em breve vou aprender como inserir legenda.

http://www.youtube.com/watch?v=DnMbfOCuI24




segunda-feira, 17 de março de 2014

Não é uma joalheira, é uma NOİVA !

Em alguns casos se casar com um turco é quase como ganhar na loteria ... literalmente.

A noiva recebeu tanto ouro - 9.5 kilos de puro ouro reluzente. Fora os dólares ... Totalizando 1 milhão em Liras turcas

Dá só uma olhada:

http://tvarsivi.com/player.php?y=304&z=2014-03-17%2009:42:00


Me pergunto se a mesma prática daria certo no Brasil ...

O Brasil na telinha turca: mulher descobre que o marido pulou a cerca e desce o pau .... no carro dele !

Você é brasileira e casada com um turco? Mostra esse vídeo pra ele ficar ligeiro.

(Eu tô só esperando o meu marido chegar em casa pra mostrar, se bem que ele já conhece a onça com quem se casou kkkkkk)


http://tvarsivi.com/player.php?y=304&z=2014-03-17%2009:39:00

(Fena İntikam)

sábado, 15 de março de 2014

Acelga ou couve ?

Confesso que nunca fiz feira, no máximo ia com meu velho pai pra ajudá-lo a levar o carrinho e a comer pastel com caldo de cana no final. As verduras eu só via prontas mesmo. Morei com meus pais por longos anos, e mesmo depois quando morei sozinha por um curto período em outra cidade lembro que consumia sempre as mesmas verduras, ia somente no que eu já conhecia, no que era mais fácil ..

Pode atirar pedra, eu não sou a única nessa situação. Esse post é pra aqueles, que assim como eu não são familiarizadas com os hortifruti. Se não for o seu caso, se você já conhece tudo e tá aí tirando sarro de mim nem precisa ler esse post.

Mas vamos ao assunto: couve ou acelga? Ok, a diferença entre as duas é bem óbvia, mas aqui algumas verduras tem um formato um pouco diferente.

Se você consultar o pai google, ele vai traduzir acelga como pazı. Agora no caso da couve, ele vai retornar com "lahana" que é o mesmo nome que o repolho leva (faz sentido, né?) alguns chamam inclusive de repolho branco e o outro...repolho do vilarejo (o köyü lahanası - este nome não está no dicionário eu comprei do aldeão aqui de onde eu moro....)

Eu estava cozinhando a acelga como se fosse couve e tava comendo feliz da vida. Até comprei um pé pra comer feijoada junto com uma amiga. Mas dias atrás quando o Salim me mostrou esse novo vegetal (pra mim era inédito) dae eu entendi tudo.

Então, anote no seu caderninho:

Köy Lahanası - Couve (Brassica silvestres)





Pazı - Acelga - (Beta vulgaris)



Couve não dá o ano todo, agora que é a época  :)


quarta-feira, 12 de março de 2014

Após a morte do jovem Berkin, a onda de protestos toma conta da Turquia

Berkin Elvan, de 14 anos, faleceu nove meses depois de ser ferido por uma bomba de gás, quando ia comprar pão durante os protestos de junho em Istambul.

Por Esquerda.net

As manifestações regressaram a Istambul e outras cidades turcas esta terça-feira, após ser conhecida a morte de Berkin Elvan após nove meses em coma. A impunidade da violência policial concentrou boa parte das palavras de ordem entoadas no funeral do jovem, já que os responsáveis pela sua morte nunca foram investigados e continuam em funções. Berkin Elvan não participava nas manifestações e teria saído de casa para comprar pão, sendo atingido na cabeça por uma das milhares de bombas de gás disparadas contra as multidões que afrontaram a repressão no centro de Istambul.

Uma multidão juntou-se à volta do hospital onde Berkin acabara de falecer e a polícia voltou a dispersar as pessoas recorrendo a gás lacrimogêneo que chegou a entrar no hospital. Vários utentes e familiares dos doentes foram apanhados pela repressão. A família do jovem responsabiliza diretamente o chefe do governo pela morte de Berkin, que acabou por falecer com apenas 16 quilos.

“Não foi Deus que levou o meu filho. Foi Tayyip Erdogan”, disse a mãe de Berkin aos jornalistas. O primeiro-ministro turco não se cansou de louvar a ação policial na repressão dos protestos contra a destruição do Parque Gezi, no centro de Istambul, considerando-as “ações heróicas”.

Concentrações de solidariedade em várias cidades, incluindo Lisboa

“Berkin é a quarta pessoa a morrer em resultado do abuso da força por parte da polícia nos protestos do ano passado no Parque Gezi. A ausência de investigações sobre o uso dessa força que também deixou milhares de feridos pôs o dedo na ferida e resultou numa vaga de manifestações antigoverno que voltam agora a varrer a Turquia”, declarou Andrew Gardner, da Anistia Internacional.

Em 31 cidades turcas houve protestos esta terça-feira à noite e alguns contaram com repressão policial com canhões de água e recurso a gás lacrimogêneo. No funeral realizado na quarta-feira de manhã, houve dezenas de milhares de pessoas a percorrer as ruas de Istambul, relata a BBC. Muitos milhares juntaram-se também na praça Kizilay em Ancara, antes de serem retirados pela violência policial.

Em Lisboa, a concentração de solidariedade vai durar até às 21h de quarta-feira no Largo Camões. “Uma nova frase começa a ser repetida: ‘Berkin não acordou, é bom que acordemos nós’”, apelam os organizadores deste evento de solidariedade contra a repressão na Turquia.

A Turquia tem eleições municipais marcadas para o fim do mês e Erdogan já anunciou que se demite do governo em caso de derrota, depois de ter sido fortemente abalado por um escândalo de corrupção.

Fonte: http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/03/seguem-protestos-na-turquia-apos-morte-de-jovem-atingido-pela-policia/


Seguem horários dos protestos e respectivos locais:




Lembrando que esta é apenas uma reprodução do que foi publicado no site mencionado na "fonte", esse post não expressa a minha opinião pessoal.

Entenda o caso Ergenekon e a chuva de libertações ocorrida nesta semana

E o que é Ergenekon, Luci ????

Agora você também encontra este assunto na Wikipedia em português (postei o artigo lá, dá uma conferida).


Segue link da notícia em português: http://www.publico.pt/mundo/noticia/tribunais-turcos-libertam-13-pessoas-que-tinham-sido-condenadas-a-penas-pesadas-1627783




Manchetes da semana - Tensão perigosa em Fethiye

Tensão perigosa em Fethiye

Para impedir a abertura do HDP (Halklırın Demokratik Parti – Partido Democrata do Povo) centenas de pessoas se organizaram através de mídias sociais.


Houve tensão no distrito de Fethiye (que fica na província de Muğla) devido a abertura de um prédio do partido HDP. Nos arredores do prédio se reuniram aproximadamente 5 mil pessoas, que durante 3 horas fizeram um ato impedindo a abertura e, usando uma escada magirus de um veículo do corpo de bombeiros subiram no prédio, retirando a placa do partido e colocando em seu lugar a bandeira da Turquia. 

Rua Atatürk,501: Após ficarem sabendo da abertura de um prédio do partido HDP um grupo de aproximadamente 5 mil pessoas se organizou às 14h, e mesmo sob chuva este grupo permaneceu ao redor do prédio. Por esta razão a tropa de choque fez uma barricada em torno do edifício, fechando-o. Além disso, foi enviado reforço ao distrito: equipes da tropa de choque foram deslocadas Aydın e Denizli ao local. 

Enquanto os lojistas baixavam as portas do comércio local, tanques e um veículo conhecido como TOMA (semelhantes ao “Caveirão” usado pelo BOPE) tomavam a rua. Uma pessoa do grupo que estava no entorno do prédio atravessou a barreira policial, alcançando a frente do prédio do HDP. Com bandeiras turcas em mãos, o grupo que queria entrar no prédio foi advertido pela polícia através de um megafone.

Para alcançar o prédio do HDP algumas pessoas tentaram saltar dos telhados dos prédios próximos. Uma pessoa que conseguiu alcançar o topo de um prédio de 4 andares jogou pedras e telhas no prédio do HDP. Um grupo de 8 a 10 pessoas arriscando a vida, munidos de barras de ferro tentavam levar ao chão a placa do HDP.

Enquanto o restante do grupo tentava quebrar as janelas do prédio, diversas autoridades locais - dentre eles, políticos e representantes do alto escalão de diversas divisões da Polícia - foram ao local tentar acalmar os manifestantes.

Uma das autoridades, negociando com um pequeno grupo através de megafone, chamava às multidã ao bom senso. “Todos tem o direito de usar de democracia”, quis que a multidão desse ouvidos às advertências da polícia. Os ativistas disseram que não sairiam da rua enquanto não descessem a placa do partido HDP.

DESCERAM A PLACA USANDO O CARRO DO CORPO DE BOMBEİROS

O prefeito de Fethiye, Behçet Saatcı também participou das conversas, o que acalmou os manifestantes. Um dos integrantes do grupo solicitou que a equipe de bombeiros viesse e descesse a placa do partido, então o prefeito Saatcı chamou a equipe para que fosse ao local. Porém,  devido ao atraso dos bombeiros alguns dos manifestantes que estavam nos prédios próximos ao do HDP abrindo bandeiras da Turquia iniciaram novo apedrejamento às janelas, que tiveram os vidros completamente destruídos. E mais uma vez começaram a cantar o Hino da Indepêndencia Turca.

Quando o veículo do corpo de bombeiros chegou, manifestantes subiram na escada magiros para descer a placa, e começou uma discussão entre eles mesmos. Dois bombeiros removeram a placa do HDP. Algumas pessoas quiseram despedaçá-la, mas a polícia não o permitiu, assim como também impediu a queima das bandeiras do partido. Quando duas bandeiras grandes foram hasteadas no prédio a multidão começou novamente a cantar o Hino Turco. No momento em que a polícia estava prestes a retirar os tanques, o prefeito vez novamente um pronunciamento. Caminhando junto ao prefeito, centenas de pessoas começaram a bradar slogans. O grupo se desfez depois de três horas. Embora a abertura não tenha ocorrido, a ação policial continuou. 

Fonte http://www.haberturk.com/gundem/haber/928144-fethiyede-tehlikeli-gerginlik

Confira o vídeo:





terça-feira, 11 de março de 2014

Eleições para prefeito e vereadores - 30 de março de 2014 na Turquia

Quem mora na Turquia tem acompanhando toda a agitação eleitoral, regada à escândalos de dólares em caixa de sapato, grampos telefônicos e muita polêmica (nada novo, pra quem é brasileiro ...).

Se você chegou agora, ou mesmo depois de tempos de casa nunca se interessou em política, não tem problema: aqui a gente NÃO tira sarro da desinformação alheia.

Aqui dividi-se o pouco que se sabe :)


Símbolos dos principais partidos políticos turcos: AKP, CHP, MHP, BDP

Pra quem não mora na Turquia ou nunca acompanhou uma eleição de perto, algumas curiosidades:

- O voto eletrônico ainda não chegou nas bandas de cá;


- As pessoas vão até a escola mais próxima de onde reside para votar;

- A cidade está toda coberta com bandeirolas, passam carros de som fazendo propaganda, mesmas coisas que se vê no Brasil;


- Tem comícios (em turco disse-se miting)


Para saber mais sobre os partidos políticos turcos, veja quadro detalhado na Wikipedia (em português): 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_partidos_pol%C3%ADticos_da_Turquia


Esse post não tem intenção de fazer apologia a nenhum partido ou visão política. A escolha das fotos não foi intencional.


Violência no futebol turco: quebra-pau na partida do Trabzonspor X Fenerbahçe

E olha que os dois nem são arquiinimigos como GS X FB !


Veja a reportagem, vídeo, tudo na íntegra neste link (em português): 


http://trivela.uol.com.br/o-caos-causado-pela-torcida-nao-deixou-que-trabzonspor-x-fenerbahce-tivesse-fim/


Adolescente vítima em protestos em Gezi Park morre após 269 dias em coma - resumo da notícia

Vítima de 15 anos de idade do Gezi Park Berkin Elvan more após 269 dias em coma
ISTAMBUL


Caixão de Berkin Elvan carregado pela multidão, após a autópsia, em Istambul 11 de março.
Berkin Elvan, que estava em coma desde Junho de 2013 após ter sido atingido na cabeça por um cilindro de gás durante repressão da polícia aos que protestavam morreu em 11 de Março – anunciou sua família via Twitter.

“Para o nosso povo: Nós perdemos nosso filho Berkin Elvan às 7 da manhã. Condolências à todos,” disseram na mensagem os pais de Berkin.

O jovem adolescente - a oitava pessoa a ser morta em protestos em Gezi Park - entrou em coma depois de sofrer um ferimento na cabeça causado por um botijão de gás quando foi comprar pão, durante uma repressão policial no bairro Okmeydanı em Istambul em Junho do ano passado. Berkin, desde então se tornou um dos principais símbolos da violência enfrentada pelos manifestantes durante os protestos Gezi que acontece em todo o país.

Ele completou 15 anos em Janeiro, enquanto estava em coma.O funeral será realizado em Okmeydanı antes do enterro no cemitério em Feriköy no dia 12.

Dezenas de pessoas se reuniram em frente ao hospital onde Berkin se convalescia há mais de nove meses, em uma demonstração de solidariedade com a família em com chamadas em redes sociais.

Leia a reportagem na integra (em inglês) no : http://www.hurriyetdailynews.com/15-year-old-gezi-victim-berkin-elvan-dies-after-269-days-in-coma-.aspx?pageID=238&nID=63429&NewsCatID=341


A "crássica" pergunta que não quer calar: Nerelisin ??????????????? (de onde você é?)

No começo eu até inflava o peito pra falar que era brasileira. Mas agora, depois de 2 anos e 9 meses deu no saco, com o perdão da expressão chula (fico imaginando quem já está aqui há mais de uma década ...)

Quantas vezes eu já respondi a essa pergunta ?

Vamos aos cálculos:

Desde a minha chegada até a data dessa postagem: 1.013 dias

Média de dias em casa: 3 dias por semana, o que dá 43% dos dias, ou seja 436 dias em casa. Acrescentando os dias em que fiquei em casa doente por causa da comida: 450 dias.

Fui pra rua aproximadamente 563 dias, e como moro na roça sempre concentro os dias de resolver pepinos nos dias em que saio. 2 lugares por dia.

Conclusão: respondi à maldita pergunta mais de mil vezes desde que estou aqui.

Nota: os números apresentados acima não tem base nenhuma, mas pelo grau de enchição da pergunta poderia até ser.

Essa eu ainda tento relevar, porque eles são curiosos, porque muita gente nunca viu um EsTrangeiro na vida ...

Agora somente uma outra pergunta me deixa mais P.. da vida:



Você é russa ?


Gostaria que você, leitor, leitora analisasse essa foto e me diga: tem algum traço de russo na foto abaixo ?



Como podemos ver, não. Então de onde vem pergunta tão estúpida?

Essa, eu perguntei para o último que se saltou com essa pérola, um garçom com quem eu estava reclamando do excesso de óleo do frango que, na verdade era grelhado ...

- Você é russa? - logo se saltou, cochichando do meu lado esquerdo pro meu marido, que estava à direita não ouvir ! Isso tudo enquanto eu mostrava o frango brilhando.

E dessa vez foi na frente do meu marido e dos amigos dele. Bem pregado pra ver que não é exagero quando eu falo que eles perguntam as coisas numa hora sem contexto - porra eu tava fazendo uma reclamação, não me atravessa com outra pergunta !!!!

Sabe galinha quando põe um ovo e faz o maior escândalo ? Essa fui eu, dando a resposta pro cidadão:

- Não meu cumpadre, eu sou brasileira! Você gosta de futebol ? - respondi pra todos da mesa ouvirem.
- S-sim. - disse, gaguejando sem esperar por aquela resposta.
- Então, eu também gosto e gostaria de ver a Copa do Mundo ... mas com essa comida que o senhor me trouxe, que não é o que eu pedi ... eu vou parar no hospital de novo, como 15 dias atrás em que fiquei internada por dois dias. Moço, não me mate!

Até a amiga do meu marido comentou "e pra quê ele perguntou de onde você é? Isso faz diferença?"

Aqui faz, né bem ?


Quando ele voltou com o frango sem óleo, sem as pimentas verdes ardidas, eu continuei:
- Escuta, por que todo estrangeiro necessariamente pra vocês tem que ser russo?
- Ah, eu achei que você era russa por causa do seu sotaque ...
- O senhor está por fora ! Elas falam assim (e marquei bem o "r" nas bobagens que disse). Meu marido tava se rachando de rir do meu lado.

Depois ficamos batendo papo de boa, falamos do campeonato europeu e deu tudo certo. Ah, mas eu falei, ah falei !

Garanto que dá próxima vez que ele ver outra estrangeira vai pensar antes de perguntar...

Algumas manchetes da Turquia - Enquete sobre felicidade foi infeliz

Enquete sobre felicidade foi infeliz

Que diferença há entre os casados e os solteiros?

Em 2012, 61% da população da Turquia foi apontada como “feliz”, porém essa proporção diminuiu para 59% em 2013.

O Instituto de Estatística Turco (Türkiye İstatistik Kurumu - TÜİK), apresentou o resultado da Pesquisa de Satisfação com a Vida, realizada no ano de 2013. O percentual de pessoas que declaram serem infelizes foi de 10.2% em 2012, e subiu para 10,8% em 2013.
Enquanto a média de felicidade das mulheres foi de 62,8% em 2012, em 2013 foi de 61,9%; já a dos homens em 2012 foi de 59% enquanto em 2013 foi de 56,1%. Quando analisados os níveis de felicidade por faixa etária, a taxa mais alta de felicidade foi constatada na faixa etária que vai de18 à 24 anos, enquanto a menor taxa foi de 65,1%, observada na faixa dos 45-54 anos.

OS CASADOS SÃO MAİS FELİZES

Foi constatado que indivíduos casados (61,3% ) são mais felizes do que os não casados (53,6%) de acordo com pesquisa realizada em 2013.
73% dos entrevistados afirmaram serem felizes com a própria família, sendo 12,9% felizes com os filhos, 5,2% com o cônjuge, 2,9% com os pais, 2,5% consigo mesmo, 1,7% com os netos e 1,9% por outras razões.

Segundo a maioria (68%), para ser feliz é preciso ser saudável; 15,2% ter sorte no amor, 8,6% ter sucesso e 4,1%, ter dinheiro, 2,3% são felizes com os negócios e 1,8% por outras razões.
ONDE ESTÃO OS MAİS FELİZES?

Dos que possuem ensino superior 62,5% se declararam felizes; ensino primário, fundamental ou secundário 59,8%; ensino médio ou equivalente 58,4%; dos que não terminaram os estudos 57,3%. Dos indivíduos que trabalham no setor público, 79,4% se declararam felizes em pesquisa realizada em 2013, sendo os mais satisfeitos os que atuam nos serviços de policiamento. Temos: setor de transportes públicos 76,4% se declararam felizes; na saúde 74,7%; na educação 69,7%; na previdência social 69,6%, e nos serviços judiciais 52,8%. 

Em 2012, 76,6% dos entrevistados declararam ter esperança no próprio futuro. Esse percentual subiu em 2013, chegando a 77%. Das mulheres entrevistadas em 2012, 76,9% têm esperança no futuro; em 2013 subiu para 77,5%. Já a proporção de homens que têm esperança no próprio futuro foi de 76,3% em 2012, subindo para 76,5% em 2013.

Fonte: http://ekonomi.haberturk.com/is-yasam/haber/928707-mutluluk-anketi-mutsuz-etti




Vacina contra tétano em adultos - deve ser feita a cada 5 anos

Ao menos foi a informação que obtive contatando o Medical Park İzmir.

Para maiores informações: http://www.medicalpark.com.tr/   (tem a opção pro atendimento em inglês)

Usando o SGK você usa a rede particular com desconto, mas também pode ser vacinar na rede pública.



Cuide de sua saúde assim como você cuida da saúde dos seus filhos - pois eles precisam de você !


segunda-feira, 10 de março de 2014

Crônicas da Luci - o bode, a cabra, um cão pastor no meio do meu caminho e 3 km de chão até chegar o vilarejo - GUİA DO MONTANHÊS

Olá pessoal,

Esse é mais um post rural. Dias atrás eu decidi ir pra cidade - boas horas depois do meu marido ter saído de casa. Fazia um frio, com um vento de doer a alma mas mesmo assim eu decidi deixar o recesso do meu lar pra mexer um pouco o esqueleto e ir resolver meus assuntos na cidade.

Eu odeio depender dos outros, e nesse ponto não saber dirigir me atrapalha bastante.

Enfim, me vesti com tudo o que pudesse me isolar termicamente falando, cachecol, gorro. Sim, parecia que eu estava indo para o Alasca ...

Coloquei o fone de ouvido e fui me embora com a trilha sonora do "Senhor dos Anéis" - as vezes me sinto morando em Valfenda ou na vila dos Hobbits.

Passei pela propriedade do vizinho, e vi que ele estava lá - ao menos o carro velho estava em frente do portão. Como não vi sinal dele, decidi continuar minha caminhada. "Desta vez não dei sorte" - pensei.

Vi um pobre rouxinol de peito laranja esbagaçado - provavelmente vítima de atropelamento. Triste, vira e mexe acontece isso, um esquilo morto aqui, uma cobra ali...

Tirei um dos fones do ouvido pra não ser pega de surpresa por algum carro que passasse e se desgovernasse. Sempre ia caminhando pelo canto, longe do ponto cego da curva mas nunca se sabe ...

Antes que eu passasse a base da OTAN, levantei a cabeça como quem sente algo vivo se aproximando. E, detrás da moita saiu um Kangal todo alaranjado, de orelhas e rabo cortado como um pitbull.

Ele parou, em silêncio, a uns 10 metros de mim e ficou me fitando. Tinha a cor de um leão!

Estendi meu olhar e vi um grupo de cabras e bodes pastando a uns 50 metros atrás dele, indo na mesma direção que eu queria ir. E o cão pastor estava lá, disposto a não me deixar me aproximar das suas protegidas.

Dei um passo, ele deu dois avançando pro meio do caminho.

"- Daqui você não passa." - foi o que eu entendi.

O vento começava a soprar mais forte e gelado, como se cortasse meu rosto. Minha nuca se arrepiou toda então cobri a cabeça com o capuz felpudo do casaco que usava.

Olhei em volta. Pedras ... não seria a primeira vez que me valeria delas para me defender de um cachorro naquela mesma estrada. Mas aquele não era um vira-lata qualquer: era um Kangal, ao menos um híbrido e era um cão de trabalho, habituado a defender a criação de seu mestre de raposas, lobos e javalis.

Eu não seria páreo para ele...

Vi dois soldados no campinho da OTAN, longe ... bem longe e atrás de grades e grades.

O cão correu em direção às cabras, se distanciando. Mas, mais uma vez parou e ficou me olhando.

Eu continuei parada, respirando e pensando no que fazer. Voltar pra casa depois de ter percorrido todo aquele caminho iria atrasar minha programação. Decidi esperar o rebanho avançar e assim seguiria meu caminho quando eles me perdessem de vista.

Mas o animal resolve voltar, passinho diante de passinho. Como um leão calculando quando seria o melhor momento de se lançar sobre a gazela ...

Nesse instante eu vejo o velho carro branco do meu vizinho. Fiz sinal pedindo carona mas, por estar usando o capuz ele não me reconheceu. Arranquei o capuz desesperada e balançando cada vez mais os braços.

Ele freou, quase passando de mim.

- Que bom que você veio! - abri a porta, sorrindo.

Esse vizinho vira e mexe está saindo quando eu estou passando em frente à sua propriedade, mas daquela vez o destino quis que eu tivesse um pouco de adrenalina.
Daquela vez Deus queria me mostrar que Ele estava lá comigo e ia dar um jeito.

Depois, olhando mais uma vez pro animal, percebi que ele era muito parecido com meu falecido Aslan. Talvez se lembrasse que eu o tirei da placenta quando nasceu ... não sei, não quis testar. Ao menos não daquela vez ...



sábado, 8 de março de 2014

Pão Francês no Supermercado Gürmar - em İzmir ............... dica de uma amiga

Preço unitário: 0.75 TL (tamanho médio)

Comi e aprovei.

http://www.gurmar.com.tr/

(consulte o endereço mais perto de você)

Dia Internacional da Mulher + reflexões

Olá pessoal,

Como sei que a maioria dos leitores é composto de mulheres, este post vai especialmente pra vocês. Esteja você na Turquia, Brasil ou acompanhando o blog de outra localidade, desejo um Feliz Dia da Mulher não somente no dia 8 de março, mas em todos os dias do ano.

Aqui na Turquia a data também é lembrada, e gostaria de compartilhar a foto que vi em meu facebook:


Infelizmente a violência contra a mulher é uma realidade pras bandas de cá. Não tenho índices para comparar se há mais violência aqui do que no Brasil, mas a impressão que eu tenho é que aqui a violência aparece muito mais na mídia - talvez, no caso do Brasil esta modalidade de violência não ocupa mais espaço na nossa mídia devido às outras modalidades de violência como assalto, sequestro e por aí vai.

O algoz na maioria das vezes é o próprio companheiro - ou ex, que não aceita o fim da relação. Meu marido me contou que ontem um turco matou a ex à tiros dentro de um ônibus lotado em Istambul, no meio da multidão ... lembro de uma mulher que foi jogada da varanda no 4o andar e ficou paraplégica ... e, quando isso acontece no leste turco e a mulher foge pra casa dos pais, estes geralmente a devolvem pro marido-algoz com medo de represália.

O ALÔ 183 recebe denúncias dessa natureza. http://www.aile.gov.tr/tr/2127/ALO-183




quinta-feira, 6 de março de 2014

Comercial da Dacia/ Duster - com Roberto Carlos - atual treinador do Sivasspor

Comédia isso ... ele buscando a mãe e as tias "brasileiras" no aeroporto.

Dá só uma olhada no esteriótipo ...e a música latina de fundo ?



domingo, 2 de março de 2014

Pra quem tem interesse em estudar na Turquia


Visite o site (em inglês): http://www.turkiyeburslari.gov.tr/index.php/en/turkiyede-egitim-2/universiteler