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segunda-feira, 28 de abril de 2014

A lenda dos 7 adormecidos e o que eu tenho com isso...

Acho que já postei nesse blog sobre a Lenda dos 7 adormecidos, mas vou resumir aqui para não dar a você, leitor, o trabalho de ficar procurando: a gruta onde ocorreu a história toda fica em Éfeso, e conta a lenda que esses 7 jovens cristãos, fugindo da perseguição dos romanos, se esconderam numa caverna onde foram emparedados vivos.

Deus enviou um anjo que os fez adormecer por 200 anos e, após esse longo período o Imperador da época decide reabrir aquela gruta. Naquela época os cristãos podiam professar sua fé sem problemas como antigamente.

Um dos meninos se desperta naquele momento e, pegando as moedas que tinha desce até a vila para comprar pão e fica deslumbrado e atordoado com as mudanças do local.

O rapaz que lhe vendeu pão se deu conta de que os seus relatos eram verdadeiros (o fato de serem de uma outra época) pelas moedas antigas que carregava consigo.

E eu nessa história toda?

Era uma vez uma paulistana que deixou tudo para trás para se mudar para Izmir, se casar e lá ficou em completo exílio por quase 3 anos ... usou esse tempo para aprender o idioma, o sistema e o máximo da cultura turca. O sacrifício lhe valeu a pena mas era chegada a hora de sair da gruta do exílio e visitar a sua gente ...

Sim, dessa vez as aventuras da Luci são na terra da garoa, na minha SAMPA que nunca dorme!

Tomando o tão sonhado açaí, ao lado do meu amigo Raul - que tirou a foto


E como se fosse um dos 7 adormecidos recém saído da gruta eu me debandei pelas ruas de São Paulo, atordoada com os novos condomínios que pipocaram nestes últimos três anos, com a padaria do bairro onde morei que fechou, com as mudanças da minha quebrada...

Paguei mico ao embarcar no ônibus e procurando a maquininha pra encostar o Bilhete Único junto ao motorista (oras, é assim em İzmir!) depois vi a figura do cobrador me olhando com uma cara de ué ... Estranhei o detector de metal na entrada no banco e sua ausência na entrada do shopping.

Atravessei ruas mais tranquilamente, com mais confiança de que os carros de fato param no farol vermelho. Mas andei agarrada à minha bolsa a tiracolo ...

Depois desse tempo todo fora ininterruptamente descobri o quanto nosso povo brasileiro é simpático, sempre sorrindo seja trabalhando como gerente de banco ou gari nas ruas de sampa. Mesmo com todas as dificuldades, os índices de violência só subindo e a Copa chegando em meio a tanto protesto meu povo ainda mantém a peteca lá em cima com muita ginga e fé em Deus. 

Porque Deus é brasileiro...

Fiquei feliz com o feijão com muito bacon da minha mãe, com o arroz bem temperado e muita carne de qualidade, tudo isso regado a muito guaraná.

Fiquei feliz em saber que a farmácia fica aberta de sábado também, e não preciso ficar olhando na lista de fármacias de plantão...

Constatei que a Av. Paulista continua no mesmo lugar (depois de tanto tempo, vai que...)

As pessoas não fazem caras e bocas quando as abordo pedindo informação, pois eu não sou a estrangeira falando, agora sou apenas a Luciane que fornece número de CPF pra Nota Fiscal Paulista.

Assisti um filme de comédia de qualidade contestável com a minha irmã, mas tá valendo sendo em português até filme ruim mesmo.

O sábia laranjeira canta divinamente lá fora, com o tempo fechado por causa das nuvens e da alta umidade (ah que saudades dessa sensação!). O pastel de palmito, o suco de açaí, o sorvete de maracujá ... tudo tem um sabor tão especial, um sabor de eterna despedida porque tudo isso tem data pra acabar.

Ah e sem falar no meu sobrinho lindo - a família aumentou ! Tê-lo em meu colo foi uma coisa indescritível !

Porque afinal de contas eu tenho um marido me esperando no além-mar ...

Só faltou você aqui, meu companheiro de todas as horas, parceiro, marido!