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terça-feira, 12 de julho de 2016

Meu namorado Turco vem morar no Brasil, e agora?

Olá pessoal,

Creio que a maioria dos blogs-vlogs etc que falam de Brasil & Turquia alertam sobre a brasileira que decide viajar para um país tão distante e de cultura tão diferente da nossa por causa de um amor turco cujo contato é apenas pela internet. São diversas as histórias que ouvimos, tem gente que se dá bem, tem gente que nem tanto e tem gente que cai em completa desgraça!

Mas e quando o turco resolve vir para o Brasil de mala e cuia, então está tudo certo porque não há com o que se preocupar?



Eu faria minhas ressalvas.

O medo principal que rodeia quem se aventura a ir ao encontro de um quase-estranho no exterior gira em torno de ser sequestrada-abusada-desaparecer ou passar por situação parecida onde não se enxergue uma saída, uma chance de fuga.
A barreira da língua, a religião (ou os esteriótipos que a rodeiam) e tudo mais são medos que não existem se o Turco é quem vem.

Quais são os perigos de simplesmente receber um quase-estranho em casa?

Ah, mas ele é tão sincero na internet!

Se você der sorte, tudo vai correr bem e logo mais vocês estarão fazendo planos para o futuro. Sua família vai adorar o namorado estrangeiro, vão aprender a fazer feijoada sem porco pra ele e começar a prestar atenção nos noticiários sobre a Turquia.

Há os turcos que já vem com mala e documentos pra casar e ficar em definitivo na primeira visita, no primeiro encontro. E isso me chama a atenção: eles, de um modo geral, são muito mais ligados à família e ao país do que nós. Muito mais!

Como ele pode ter tanta certeza de que você é a alma-gêmea dele sem saber se você tem chulé, bafo-de-onça, sem saber se "vai rolar uma química"?

Sim porque essas coisas podem acontecer e acontecem!

Meses atrás um turco entrou em contato com meu marido, falando que tinha conhecido uma brasileira e tals e que já estava vindo de mala-cuia-documentos para se casar e cogitou em trazer a filha dele também. Ele vinha de um lugar conservador (mega oposto dos nossos costumes) e sonhava em trabalhar empresariando jogadores de futebol. Esse cidadão já tinha mais de quarenta anos assim como a namorada virtual dele.

Meu marido o aconselhou a ir "devagar com o andor" mas ele nem quis saber. Veio - ainda bem que sem a filha - e caiu do cavalo. A mulher não se sentiu atraída, e quando ele foi  tocar em assunto de casamento ela desconversou. Isso tudo usando Google Tradutor.
Quem deu teto e comida para esse desafortunado foi um grupo de torcedores de uma torcida organizada do time com o qual ele pretendia trabalhar agenciando jogadores. Nem quero imaginar se ele não tivesse conhecido essa galera onde ele teria passado os dias até voltar pra casa (e ainda bem que teve recursos para voltar!!).

Ok, esse turco foi vítima de sua própria imprudência, e se no lugar de vítima ele fosse algoz? Tipo, arranjando meios para fugir da Turquia por:
- estar envolvido com terrorismo;
- ter cometido algum crime;
- dívida com o banco (sim, há casos em que isso dá cadeia!);
- fugir da obrigação da pensão dos filhos;
- querer se encostar na mulher e alegar que não arruma trabalho porque não fala português (já soube de vários casos).

Outra coisa: quando o homem se separa e atualiza essa informação no departamento destinado a isso consta a informação de "SOLTEIRO" e não de "DIVORCIADO" no documento - coisas que para nós tem muita diferença. Ele pode se apresentar como solteiro pra você e desimpedido, mas ter deixado a ex-mulher cuidando de uma prole inteira!

E o que se deve fazer? Contratar um detetive na Turquia?
Busque conhecer o outro o máximo possível, e isso leva tempo. Se ele se negar a prestar alguma informação ou desconversar, desconfie. Se ele "te ama tanto" não vai ficar te enrolando.
E se você acha que vale a pena, que o seu sossego em tempos futuros vale isso, eu digo: contrate.

Não tenho o intuito de colocar ninguém em pânico ou jogar um balde de água fria na cabeça - e nos sonhos - de ninguém. Eu quero mais é que todas vocês sejam felizes com seus turcos, mas felizes de verdade e não baseadas num mito construído por alguém mal intencionado.

Beijo da Luci