Olá pessoal,
Confesso que não segui nenhuma das duas novelas turcas anteriores do começo ao fim: a "Mil e Uma Noites" e "Fatmagül". Já o meu marido não perdeu nenhum capítulo, nem na versão original em Turco, nem com dublagem em Português - teve um dia que eu peguei ele chorando disfarçadamente no cantinho, enquanto assistia Fatmagül. É figura ativa em varios grupos de fãs no Facebook.
Decidi roubar um pouco do meu tempo - sempre tão escasso - para assistir os capítulos da novela Sila (em Turco "Sıla", com "i" sem pingo mesmo) em sua versão com dublagem espanhola porque o primeiro capítulo da novela em Turco estava com uma imagem sofrível (ao menos a que eu achei).
A trama se passa na província de Mardin, à sudoeste da Turquia, fronteira entre a Anatólia e a Mesopotâmia (lembrou do "Crescente Fértil" das aulas de História/Geografia?). Faz fronteira com a Síria, o que é perceptível pelas vestimentas dos personagens da novela.
Por que eu recomendo a novela turca Sila?
Assistindo apenas dois capítulos de Sila, fiquei cativada pela cadência com que a trama evolui, com o drama que é típico da produção cinematográfica turca, embalado pela voz poderosa de Sıla Gençoğlu com "Töre"ou pela trilha instrumental "Bitmeyen Dertler",entre outras. Mesmo as imagens que se sucedem em cenas dramáticas vêm carregadas de metáforas, como a cena em que Sıla - já casada - tenta fugir pela janela e se depara com grades, como a de uma masmorra, e seus gritos ecoam para a cena seguinte com sua mãe de coração admirando a paisagem do Bósforo enquanto se pergunta como estará a filha adotiva.
De um lado temos a bela Sıla, que cresceu em Istambul cercada de mimos e uma vida confortável. A velha e boa Constantinopla que nossos olhos se acostumaram todas as noites com as novelas que a antecederam na Band. De outro lado, uma Turquia imaginada por muitos - os que misturam turcos com árabes - rústica se comparada com Istambul, conservadora e cheia de costumes que para os olhos da maioria dos ocidentais seriam coisa de um passado quase medieval.
Contrapondo-se à bela Sıla temos Boran, com sua beleza máscula que se mistura à paisagem árida de Mardin. Um homem poderoso na aldeia em que vive, vítima das circunstâncias e prisioneiro das tradições do povo que lidera. Tradições essas que ceifaram a vida de seu grande amor.
Como nas novelas turcas anteriores, temos a figura do feminino frágil, oprimida pela figura masculina. Mas nos dois primeiros capítulos que assisti aquele que seria opressor passa a ser protetor de Sıla contra a da opressão impelida pelos demais personagens deste cenário longe dos grandes centros da Turquia.
Sıla vem em bom tempo, para desmestificar esteriótipos de uma Turquia totalmente europeia (como alguns idealizam tendo por base Istambul) ou ultraconservadora,como o que veremos em Mardin.
Nos próximos posts vou comentar alguns aspectos que eu achar relevantes na novela. E se vocês quiserem acompanhar mais, criei um grupo no Facebook para trocar ideias com as fãs da dramaturgia e cultura turcas.
Link do Grupo: https://www.facebook.com/groups/SilaNovelaTurcaBrasil/
Beijos da Luci