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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Revendo conceitos ...

Todo mundo sabe (ao menos quem tem uma ligaçao com a Turquia) que todo homem turco tem uma tara por mulher russa. İsso nao é novidade nenhuma ... e, por conta disso a gente - nós, casadas, enroladas, apaixonadas pelo nosso turco - temos uma certa raiva ou ódio delas mesmo.

Sim, elas sao altas magras e loiras ... e bonitas.

Sim, elas sao educadas e estudadas.


Mas a imigraçao em massa dessa mulherada - seja pra arrumar marido turco ou pra trabalhar em outras areas, mesmo a "profissao mais antiga do mundo" - lhes incutiu uma má fama que nao há quem tire !

Mas nem todas as pessoas sao iguais, óbvio. Nem toda russa se comporta como piriguete ou veio pra cá por negócios ilicitos. Fiz amizade com uma moça da Ucrania muito bem casada e que acabou de ter um bebê.

E olha que coisa gozada: no meu primeiro dia de aula lembro de estar sozinha no pátio e por acidente fui puxar papo com uma russa que nao falava nem ingles, nem turco. E até hoje ela me cumprimenta, mesmo falando em russo comigo (nao entendo uma palavra sequer!).

E no primeiro dia de aula fiquei sozinha, sem ninguem sentado ao meu lado, isso até anunciar que era brasileira.

No dia seguinte a mocinha do turcomenistao perguntou se podia sentar ao meu lado. E assim está até hoje. Outro dia cheguei atrasada e vi que seu compatriota tomara meu lugar. Ela olhou pra mim com os olhinhos puxados iguais aos de japonês e disse:

- Esse é o lugar da Luciane "Abla".

Chutou o conterrâneo e preferiu ficar com minha companhia. Nas horas vagas sempre fazemos palavras cruzadas em turco (Bulmaca) e ela está me ensinando Sudoku. A mocinha tem apenas 16 anos e ganhou bolsa pra estudar Odonto, mas precisa melhorar o turco pra poder estudar na Universidade. Fala fluentemente russo e turcomeno e entende turco muito bem. Alias eu ainda nao entendi o que ela esta fazendo no curso ...

E lógico, a gente anda com quem sabe mais do que a gente, mesmo tendo idade pra ser minha filha. Alias eu acabei meio que adotando-a mesmo ... na lanchonete fico de olho pra ver se nao vao demorar a servir o sanduiche dela, e quando ela precisou comprar passagem de trem pra viajar no próximo feriado me chamou pra ir junto (e olha que tem outros do Turcomenistao na nossa turma ...).

Outra coisa interessante foram duas russas que tambem mudaram de lugar no segundo dia, sentando-se ate hoje perto de mim. Trocamos telefones e uma delas me ligou agora pouco comentando que "nao tivemos tempo para conversar hoje" e "perguntou se eu sabia cozinhar comida brasileira".
- Sim, sei sim. Por que?
- Quero que venha um dia aqui em casa me ensinar a cozinhar comida brasileira. Quero impressionar meu sogro.

Eu achei o maximo. Coisa que esperei de algum membro da familia do meu marido. E no fim, gente de outros cantos do mundo acabou se interessando em saber sobre o Brasil. Ja teve estudande de outra classe vindo me ver pra perguntar se o carnaval dura o ano todo ... rs

Agora preciso mencionar o lado triste que ocorreu esses dias: se por um lado gente que mal fala turco (assim como eu) se mostrou tao interessado em minha amizade, por outro teve gente falando muito bem ingles ou mesmo portugues que se afastou de mim simplesmente pelo fato do meu marido ser mulçumano e eu, crista. Gente que chegou já sabendo meu nome e sobrenome e que já foi logo perguntando sobre a religiao do meu marido, assim na caruda mesmo. E depois deu falar, simplesmente finge que nao me vê quando passa do meu lado.

Pois é, existe isso sim. E tenho testemunhas, gente que viu isso acontecendo.

Mas como essa nao é nem a primeira, nem a segunda, terceira ... eu ja estou preparada pra ver isso acontecer sempre.

E nao ligo. Danem-se mesmo. Quem quer ser meu amigo me para pra cumprimentar com beijo no rosto mesmo falando em russo...

Menciono isso aqui pra constar, porque aqui eu falo a verdade. E eu tenho certeza de que nao sou a única que passa por isso. Mas eu tenho minha consciência em paz e a certeza de que nao foi esse o ensinamento que Jesus Cristo deixou pra gente ...

Um beijo pra vocês !